ZIMBRO, O PINHEIRO
DO NATAL
O zimbro não é um
arbusto qualquer
Nem qualquer
arbusto que se plantasse
Nem na horta nem
no quintal
Por crescer
abundante, entre fragas,
Como qualquer
pinheiral
Nas redondezas das
arribas do Douro.
Duro, alto e
esguio
O toro do
zimbreiro
Não vergava e não
cedia
À primeira
machadada.
Menos feliz era a
passarada
E mais sortuda a
rapaziada
Que com as suas
bagas
Melros e tordos
caçava.
Mas, por vezes,
acontecia
Que na véspera de
Natal
Descia do seu
fragoso pedestal
Vinha, tornava-se
festivo
E à fogueira
também se aquecia
Enquanto aspirava
o bom cheiro do que ardia
– Alecrim,
rosmaninho e alfazema –,
Com a família.
Tornava-se naquela altura o pinheiro do Natal!
Eram Natais
distantes
Eram Reis Magos
pobres,
Que, todavia, traziam
para os infantes
Presentes
comestíveis e mais aconchegantes
Do que mirra,
incenso e ouro.
O zimbro não é um
arbusto qualquer...
Agora, já não
cresce abundante, entre fragas,
Já ninguém lhe
leva lanternas de azeite
Para lhe iluminar
os ramos e anunciar as festas luminosas do Menino,
Agora, já não fica
com os pregos para lhe pendurarem luz no próximo ano
E perdeu a vez na
hierarquia natalícia...
Mas, talvez, tenha
ganho esperança no Futuro
Enquanto não vier
fogo
Que lhe chamusque
o toucado altaneiro
Ou lhe tragam os
humanos outras e mais desavenças
E o consumam por
inteiro,
Ao pinheiro do
Natal.
Isabel Mateus,
In «As árvores com
que crescemos – Poemas da natureza», 2017
3 comentários:
Boa tarde,
Antes de mais quero felicitá-los por esta interessante iniciativa. Venho ainda agradecer a divulgação do meu poema neste vosso espaço.
Ficarei atenta a futuras publicações dos demais colegas das letras.
Saudações natalícias,
Isabel Mateus
Bela, sentida, saudosa e mensageira construção poética.
Parabéns, Isabel Mateus!
Bjinho
E eu também gostei muito de ler aqui o teu poema, Isabel.
Beijinhos.
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