O
Natal Estava à Porta
O Natal estava à porta,
inundado de sol
os cânticos estrelados em
cada olhar
as luzes recortadas em
divina alegria doirada
os corações abertos à
felicidade das mãos dadas
como se timbra esta quadra
ano após ano
quando decidiste num
repente alagar de tristeza
o rio caudaloso das minhas
lágrimas
partindo sem ao menos um
ligeiro adeus
um silêncio mínimo que
fosse a acordar a memória
das rolas dos campos de
Serafão
um bater de pálpebras um
sorriso ao menos
não, simplesmente gelaste,
um universo final em redor
branco branco ausente
inultrapassável
deixando-me apenas na alma
o amargo da dor
que não consegue
despegar-se de mim
uma saudade granítica,
imorredoura
cada vez mais angulosa
agreste penetrante
o meu coração deixa-te esta
rosa vermelha
este bouquê adorado de
estrelas que conservarás intacto
até ao nosso reencontro no
firmamento da aurora
a mesa estará posta, mãe,
na noite do meu coração
para que regresse feliz a
consoada em família
como no tempo em que,
criança, ansiava
a vinda do pai como a
melhor prenda do Menino Jesus!
Artur
Coimbra
(Texto publicado no
blogue do autor)
1 comentário:
Emudecida, após a leitura deste belo e sentido poema, Artur Coimbra.
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