Janela aberta, para o conhecimento de uma das
localidades mais antigas do nosso actual concelho de Mogadouro. Digo, actual
porque o autor traça na sua obra o percurso histórico administrativo, bem como
o rico património material e imaterial da freguesia de Tó. Dando, neste último tipo
de património, enfoque à figura do Farandulo.
Nesta obra são aventadas diversas explicações
sobre a evolução do topónimo Tó e a sua progressão fonética, que poderá ser
encontrada nas propostas que o autor expõe de forma congruente e lógica,
acessível para todos os leitores, incentivando os mesmos ao estudo sobre a
origem do topónimo desta freguesia.
O autor, conhecido escritor da nossa terra de
Mogadouro, demonstra a sua preocupação em promover, divulgar e conhecer a
história de cada uma das diversas povoações do nosso concelho, tendo já
publicado algumas obras de carácter relevante sobre o seu património e a sua
história, procurando assim conservar pedaços da memória colectiva que poderiam
perder-se nos tempos próximos.
Elegeu para esta nova obra a freguesia de Tó,
rica em património arqueológico e histórico, mas que no entanto, como refere o
próprio autor, onde ainda há muito por descobrir, conhecer e preservar. Senti
que a mensagem do autor é a de que se devem manter vivas as tradições e delas
tirar o conhecimento que se pode perder.
O Farandulo de Tó, festas dos rapazes, ligada
às festividades do solstício de inverno, em que toda uma comunidade participa e
se diverte, fortalecendo assim os laços colectivos, pois as populações
identificam-se com as suas tradições e pretendem perpetuá-la na sua memória
viva. Festa de uma comunidade que integra um conjunto ainda vivo de outras
festas de cariz semelhante, dispersas um pouco pela nossa região do Nordeste
Transmontano. O autor foca ainda as festividades similares que existem e
existiram no nosso concelho, evidenciando a sua atenção para a apresentação de
uma proposta de leitura sobre o ritual de solstício plasmado na figura do Farandulo.
O livro oferece ao leitor um retrato histórico
e cultural desta povoação, colocando em devido relevo o conteúdo etnográfico
que, por ser imaterial, mais facilmente se pode perder. Incentiva o seu estudo,
apresentando propostas baseadas em outros autores especializados sobre as
diferentes tipologias de património que descreve, e que promove para que não
fiquem no esquecimento.
Considera que a cultura de um povo é o seu
bilhete de identidade, exponenciando a ideia de que quando a comunidade permite
que pedaços dessa mesma cultura desapareçam, deixa que a sua identidade se
torne incompleta e esquecida.
Nota pessoal
Congratulo-me por ter sido escolhida para ler
esta obra antes da sua publicação, pois assim espero incentivar a / o leitor a
percorrer as páginas desta obra que são uma passagem pela história e costumes
ancestrais desta localidade do nosso concelho de Mogadouro.
Virgínia Cordeiro
Gomes Vieira – Vereadora da
Cultura da Câmara Municipal de Mogadouro
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Esta obra tem como cerne de estudo o “Farandulo
de Tó”, cujas raízes, segundo o autor, parecem encontrar eco nas festividades
do Solstício de Inverno, durante o
período de romanização da Península Ibérica, sendo inédita a hipótese
explicativa dos intervenientes nesta festividade, que se perde na memória do
tempo.
Mas o autor não se fica por aí e, de
uma forma coerente e clara, oferece-nos um retrato histórico e
cultural da Aldeia de Tó, Concelho de Mogadouro, rica em património
arqueológico e histórico e dessa forma, abre portas para outros estudos e outras
investigações.
António Sá Gué
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