O 7.º Colóquio do Polo de Pesquisas
Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
reuniu, entre 1 e 5 de Setembro, 160 conferencistas à volta de “Percursos
interculturais luso-brasileiros: modos de pensar e fazer”, numa demonstração de
invejável pujança, à imagem da coordenadora-geral, Gilda Santos.
Na Sala dos Brasões, após a abertura pelo
presidente do RGPL, António Gomes da Costa, e da representante do cônsul-geral,
a diversidade de trânsitos Brasil-Portugal veio inaugurada na conferência de
Isabel Pires de Lima, sobre autores recentes, e na adaptação cinematográfica do
romance Estive em Lisboa e lembrei de você, que ultima José Barahona.
As sessões plenárias foram dedicadas a Eça de
Queirós, Camões ‒ Vanda Anastácio historiou o nascimento da disciplina de
Estudos Camonianos na Faculdade de Letras de Lisboa (1925) ‒, urbanismo
(extraordinária influência pombalina na morfologia de São Luís do Maranhão, por
Margareth Gomes de Figueiredo), poesia, cinema e dança (Ida Ferreira Alves,
Joana Matos Frias, Mônica Fagundes), intercâmbio jornalístico e
romance-folhetim (Ernesto Rodrigues, Maria Eunice Moreira, Nelson Schapochnik,
Teresa Martins Marques), Castilho cronista, paisagens de pobreza em Torga e
Manuel da Fonseca, Adolfo Casais Monteiro ensaísta (Eduardo da Cruz, Francisco
Ferreira de Lima, João Tiago Lima). O encerramento simbólico deu-se com o
testemunho de Zuenir Ventura sobre “Os cravos de Abril, 40 anos depois”, ele
que foi o primeiro jornalista brasileiro a reportar a Revolução, tendo na
assistência Cleonice Berardinelli, com 98 anos ainda frescos.
Ernesto Rodrigues |
Eis pálida imagem de semana intensa, ainda com
o chorinho do grupo Vê se gostas, que actuou na Biblioteca, e, diante dos
olhos, o projecto O Real em Revista, com patrocínio da Petrobras ‒ 600 mil reais
para, em 20 meses, digitalizar, e disponibilizar online, 30 mil páginas de
periódicos, como se explica em No Giro do Mundo. Os periódicos do Real Gabinete
Português de Leitura no século XIX (2014), primeiro volume organizado por
Eduardo da Cruz.
FOLHETIM EM ASSIS
Já na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp,
campus de Assis, o XII Seminário Internacional de Estudos Literários, entre 9 e
11 de Setembro, dedicado aos “Avatares do folhetim”, reuniu 150 estudiosos
brasileiros ‒ citemos Yasmin Jamil Nadaf, Germana Araújo Sales, Socorro
Barbosa, Lúcia Granja, Maria Eulália Ramicelli, Orna Messer Levin, Sílvia Maria
Azevedo, Rosane Feitosa ‒, a que se associaram as universidades de Lisboa
(Teresa Martins Marques apresentou A mulher que venceu D. Juan e Ernesto Rodrigues
fez a conferência de abertura), Roma Tre (Giorgio De Marchis) e Sorbonne
Nouvelle, Paris III (Jacqueline Penjon, que encerrou). Iniciativa do Programa
de Pós-Graduação em Letras coordenado por Alvaro Santos Simões Junior e Maira
Pandolfi, impressiona o trabalho que borbulha sobre ou a partir de género
jornalístico-literário com tradição secular.
[JL-Jornal de Letras, Artes e Ideais,
15-X-2014, p. 28.]
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