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30 outubro 2014
27 outubro 2014
23 outubro 2014
40 anos de vida literária de Ernesto Rodrigues - Depoimentos (José Manuel Neto Jacob)
Depoimento de Neto Jacob from Leonel Brito on Vimeo.
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - Cartaz
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - ProgramaMENSAGEM DA DIREÇÃO
40 anos de vida literária de Ernesto Rodrigues - Depoimentos:
(António Baptista Lopes)
(José Manuel Mendes)
(José Augusto França)
(Desidério Rodrigues)
(Amadeu Ferreira)
(Frei Henrique Perdigão)
(Hirondino Fernandes)
(José Mário Leite)
(Alcides Rodrigues)
(Teresa Martins Marques)
(José Manuel Neto Jacob)
(Carlos Pires)
(Jorge Nunes)
22 outubro 2014
Comidas Conversadas, novo livro de António Manuel Monteiro
Comidas conversadas – memórias de herança transmontana são conversas e
histórias de comeres, cibos de gana a outros apetites, reencontros e partilha
de costumes, meras curiosidades, falas e enguiços, com especial referência a
Trás-os-Montes e Alto Douro. Resultaram de um percurso pessoal, técnico e de
vivências várias. É o início de um pequeno e modesto roteiro de memórias
comestíveis e de algumas transmontanices – de Torre de Moncorvo a Évreux, de
Freixo de Espada à Cinta a Şanliurfa, de Vinhais a Meknès
ou de Mirandela a Ponta Delgada.
A marcha dos alimentos ao lado da história
das religiões, as estórias imateriais e a utopia diária da vida como a
argamassa solidificante do edifício da História e a razão do ser das suas
estórias, o contento ao aperto fisiológico e o sublimar dessa função, os
comeres e os falares enjeitados ou a ilusão e a racionalidade das escolhas
existenciais, são, tão-só, motes para a conversa e pretextos ao elogio da
castanha ou à eterna paciência de beber vinho, à espera de outros tempos ou aos
equívocos agro-alimentares, à excelência dos produtos de identidade territorial
ou à virgindade do azeite… enfim… à comemoração
da memória e da simplicidade dos saberes.
A memória é, naturalmente, a capacidade de permanência face ao tempo que
corre e que passa – o salvar do passado para serventia do Futuro que queremos!
AMMonteiro
Nota de
Abertura
Com a publicação deste livro, iniciamos
uma colecção de gastronomia e cultura, à qual se irão juntar obras importantes
para um melhor conhecimento das tradições alimentares portuguesas, capítulo fundamental
para entender as actuais circunstâncias da mesa, e seus atos conviviais,
partindo do pressuposto de que «não há futuro sem passado». A alimentação,
finalmente considerada como património imaterial, é um elemento diferenciador
da cultura dos povos, e assim assume um papel de relevo na história da
humanidade.
António Manuel Monteiro é um autor
invulgar e possuidor de um rico conhecimento das tradições nacionais, com
particular incidência da memória transmontana. A sua escrita, com um
vocabulário muito próprio, ou das gentes de para lá dos montes, é um dos
fascínios desta obra. No entanto, e para uma melhor leitura, foi criado um
glossário simples e elucidativo dos vocábulos menos utilizados. O vigor da
informação e a precisão das fontes que confirmam as suas afirmações fazem do
conjunto destes textos uma documentação fundamental para quem queira entender a
forma como alguns produtos, ou algumas receitas, chegaram até nós.
A Âncora Editora orgulha-se de poder
começar esta colecção com este livro e este autor.
Virgílio Nogueira Gomes
Director da colecção
Nota: Apresentação do livro na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo no dia 29, por Rogério Rodrigues.
21 outubro 2014
40 anos de vida literária de Ernesto Rodrigues - Depoimentos (Carlos Pires)
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - Cartaz
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - Programa
MENSAGEM DA DIREÇÃO
40 anos de vida literária de Ernesto Rodrigues - Depoimentos:
(António Baptista Lopes)
(José Manuel Mendes)
(José Augusto França)
(Desidério Rodrigues)
(Amadeu Ferreira)
(Frei Henrique Perdigão)
(Hirondino Fernandes)
(José Mário Leite)
(Alcides Rodrigues)
(Teresa Martins Marques)
(José Manuel Neto Jacob)
(Carlos Pires)
(Jorge Nunes)
Os lugares de Patrick Modiano, Nobel da Literatura, por Ernesto Rodrigues (40 anos de vida literária)
Após mais de oito anos como detective
particular, ao lado de Hutte, patrão e amigo que decide gozar a reforma em
Nice, o narrador vai dar início a uma investigação muito particular: saber quem
é, donde veio, como se chama, qual foi o seu passado. «Não sou nada», lê-se no
intróito. Uma amnésia roubou-lhe a memória quando, com Denise, procurava fugir
à Segunda Guerra Mundial através da fronteira franco-suíça. Ambos enganados
pelos passadores, e já separados, o nosso herói vagueia pelo branco da neve até
retomar os antigos passos que façam luz sobre um optimismo crescente.
Da família e amigos a ódios que se esvaíram,
lenta é a perquisição, emaranhando-se as pistas, chocando-se nomes supostos e
acaso verdadeiros, num desvelar de situações que pedem grande atenção e
paciência ao leitor. Os seus interlocutores são figuras, de algum modo,
marginalizadas, mas sempre generosas. Todos cedem as fotografias que iluminam
um périplo e que o herói guarda num bolso interior, acalentando-as como a um
antigamente que se elabora na topografia de Paris, também esta já não de todo
intacta.
A propósito do seu Remise de Peine, L’Express
(5-II-1988) referia esta particular característica de Patrick Modiano (1945):
«Primeiro, os lugares. Porque há um Paris de Modiano. Não épico como em Balzac,
nem mundano como em Proust, mas obcecado pela lembrança, reduzido às dimensões
do inconsciente, submerso.» Outras obsessões que traz a adolescência – desde
edifícios, números de polícia e moradas precisas até às recorrentes garagens –
são confessadas por Modiano em entrevista a El País (Madrid) de 16-V-2009.
É curiosa esta presença de Balzac
(institucional) e Proust (sentimental), a que era mister acrescentar Céline – parisiense,
tal o herói, igualmente se distrai um pouco da cidade-luz, mas a cujas
periferias ou bairros perdidos sempre regressa. A relação que Modiano
estabelece com os seus escritores passa normalmente pelos cenários dos
respectivos livros, de que se torna familiar, e onde facilmente situa e
confunde personagens reais e de ficção.
Se se dá o caso de o universo lhe parecer
longínquo, como, em artigo de homenagem (Le Matin (Paris), 17-IX-1980),
reconhece ter sido o de Giono, aí, a aproximação acontece «graças à força e à
simplicidade do estilo», que são, do mesmo pé, características da sua obra.
As vagas reminiscências que emergem e se
coligam obrigam a uma forma alusiva de contar. Esta faz uso de textos
cristalizados, como moradas extraídas de anuários e listas telefónicas, ou das
investigações que provêm de um detective a seu cargo. Parte do texto ergue-se,
assim (idêntica estratégia na correspondência militar em Pantaleão e as
Visitadores, de Vargas Llosa), do nevoeiro ou de um «sonho que tentamos agarrar,
quando despertamos, para reconstruir o sonho inteiro» (p. 93). Deste modo pode
ser vista a situação do narrador, quando arranca em busca de uma identidade
(sujeita a origens e filiação), não isenta de culpa, como em Fleurs de Ruine
(1991).
De cada texto seu, e de como de Une Jeunesse
(1981) escreveu François Nourrissier (Le Figaro Magazine, 14-II-1981), Modiano
faz «um romance-murmúrio», onde «se risca tanto quanto se escreve», onde, se há
recuos, é para melhor apreender a fluidez dos instantes, onde se ensaia tocar a
respiração de várias solidões. Ou, como de Dimanches d’Août (1986) escreveu
Antoine Audouard (Le Figaro Magazine, 20-IX-1986), «O milagre é que esta dor
doce, esta suave habilidade [...], nunca cansam».
Se Na Rua das Lojas Escuras (porquê traduzir
[Lisboa, 1987] este sexto romance Na Rua..., se a personagem nunca se encontra
nessa rua, mas tão-só projecta conhecer-se enfim na Roma sonhada?) é uma busca
no labirinto da identidade, já, em Domingos de Agosto [Lisboa, 1988, donde
cito], passa-se um pouco dos mistérios quase sem solução para um enigma que nos
dá resposta. O antigo fotógrafo de arte transformou-se em garagista.
Depara-se-lhe, em Nice, Villecourt, vendedor ambulante que, até sete anos
antes, fora feliz com Sylvie e que esta abandonara pelo fotógrafo.
A humidade e mofo meridionais anunciam,
todavia, a vindicta das «águas lodosas do Marne», onde as personagens se tinham
encontrado. Os Neal, um casal-figura da duplicidade sempre convivendo em
Modiano, preparam-se para vingar o amigo desprezado... Um diamante riquíssimo
sobre Sylvie arrastará os fugitivos para a definitiva separação.
Como se vê, também aqui é mais uma história de
amor breve e sem amanhã. São, precisamente, os fugidios instantes desse Agosto
de há sete anos que suavizam a memória e encandeiam o texto. No tempo do
discurso, sabemos que estamos perante «silhuetas do passado», ou que, como diz
o narrador, «os fantasmas não morrem» (p. 32). O tom nostálgico escorre como a
chuva no Passeio dos Ingleses, nessa «cidade de fantasmas onde o tempo parou»
(p. 93), Nice. Temos duas histórias de enganos em que os narradores perdem as
amantes, mas em ambas existe a reconstrução através da fotografia ou, o que vem
dar ao mesmo, daquilo que fomos um dia: além, o narrador, ex-detective, evolui na
companhia de, e serve-se de, um detective; aqui, Jean, antigo fotógrafo,
compreende o logro e reconhece Neal com a colaboração do fotógrafo ambulante do
Passeio dos Ingleses. Como se dissesse: não se pode fugir ao nosso destino.
Nos dois livros, ainda, comparece a Roma
mítica, «a única cidade em que eu imaginava que poderíamos fixar-nos para o
resto da nossa vida, essa Roma que se adequava maravilhosamente a naturezas tão
insolentes como as nossas» (p. 92). Na ausência do lugar, o seu murmúrio.
[A escolha de Modiano surpreendeu,
naturalmente, a bem informada crítica portuguesa. O texto acima é adaptação do
que já escrevi no semanário Tempo, em 28 de Abril de… 1988.]
Fonte: Mensageiro de Bragança, edição 3495
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA
Fonte: Mensageiro de Bragança, edição 3495
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA
20 outubro 2014
NATÁLIA CORREIA, A POÉTA SATÍRICA, por Hercília Agarez
Começamos
por justificar o acento colocado na palavra poéta. É dele responsável o
escultor Martins Correia, amigo de Natália e autor de um busto seu em que
perpetua a imagem da beleza sensual de uma mulher no auge do seu esplendor. Na
base da obra plástica está inscrita a forma acentuada, como que a dar maior
ênfase à condição daquela que, embora autora de quatro romances, de cinco peças
de teatro e de inúmeros ensaios, ganhou notoriedade como cultora de poesia lírica
e satírica, tendo publicado, em quarenta e três anos, treze colectâneas de
versos.
Como
escreve Clara Rocha em “Sobre Poesia Completa de Natália Correia”, estudo
inserido em O Cachimbo
de António Nobre e Outros Ensaios, a produção poética da escritora açoriana
encerra “matrizes estético-literárias tão díspares como o Barroco, o Romantismo
e o Surrealismo”, caracterizando-se, também, por “uma pluralidade de um rosto
que proteicamente se diz em figurações várias, na alternância entre o frívolo e
o sério, o riso e as lágrimas, a alegria e a mágoa…”, por um “constante
movimento de temas e de tons”.
Na
primeira badana de O Sol nas Noites e o Luar nos Dias pode ler-se: “ (…) é
sobretudo na poesia que o seu talento de escritora vanguardista e independente
de quaisquer agrupamentos poéticos ganha plena expressão, assegurando-lhe um
lugar de destaque entre os grandes vultos da literatura contemporânea”.
Se
lhe reconhecemos mestria no domínio da lírica, patente, sobretudo, nos sonetos,
consideramos que a força indomável da sua inspiração fulgura predominantemente
quando, na senda da nossa melhor tradição maledicente iniciada na Sátira
Trovadoresca medieval com as Cantigas de Escárnio e Maldizer, desfere as suas
afiadas farpas em pessoas e acontecimentos do Portugal político pós 25 de
Abril.
Eleita
deputada à Assembleia da República pelo partido de Sá Carneiro (a quem
apresentou Snu Abecassis) em 1979,
a sua voz incómoda e sem peias abalou as estruturas do
Parlamento, quebrou a sisudez composta do hemiciclo, atreveu-se a ridicularizar
políticos de vários quadrantes, incluindo o seu, num pluripartidarismo lúcido e
imparcial. Parodiou decisões governamentais, ridicularizou ministros,
dirigentes, deputados, candidatos a cargos políticos, como foi o caso de
Marcelo Rebelo de Sousa aquando da sua campanha eleitoral autárquica da
Coligação por Lisboa. A ele dedicou o “Cancioneiro Joco-Marcelino”, constituído
por oito poemas de que apresento o seguinte:
O FADO DO
COVEIRO
Das artes
mágicas campeão audaz
tira Marcelo da
manga outra faceta:
por sua dama Lisboa, o Galaaz
faz-se à viela e
ginga à lisboeta.
Calça à boca de
sino e cachené
ao marialva senil metendo inveja,
fidalgo edil que canta para a ralé
o faduncho
finório gargareja.
Estremece Aníbal
com o pardal fadista
que aquilo é treino para o último
regalo:
escaqueirar o reinado cavaquista
e sobre a tumba,
por fim, cantar de galo.
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA
Bragança,
13 de Dezembro de 2014
Centro
Cultural Adriano Moreira / Biblioteca Municipal
Uma
jornada sobre Ernesto Rodrigues
Uma
organização da Câmara Municipal de Bragança e da Academia de Letras de
Trás-os-Montes
PROGRAMA:
10h00
– Abertura: Presidente da Câmara Municipal de Bragança
Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes
10h30 – Intervenção: - José Manuel
Mendes – Universidade do Minho
11h15 – Pausa para Café.
11h40 – Intervenção: - José Eduardo
Franco - Universidade de Lisboa.
15h00
- Mesa redonda: Teresa Martins Marques, José Mário Leite, Neto Jacob, Hirondino
Fernandes, Baptista Lopes, António Pinelo Tiza, Alberto Fernandes, Teófilo
Valdemar, Mara e Marcolino Cepeda.
17h00 - Pausa para café.
17h15 - Apresentação do livro:
"Passos Perdidos" de Ernesto Rodrigues.
18h30 - Apresentação do documentário:
"Ernesto Rodrigues - 40 anos de vida Literária".
19h30 - Encerramento e visita às
exposições: Bibliografia de Ernesto Rodrigues e "Bragança anos 70/14".
Nota:
As marcações do almoço e do jantar devem ser feitas pelos seguintes contactos:
Pinelo
Tiza – 966410635
Leonel
Brito – 926844177
ALTM
– academiadeletrasosmontes@gmail.com
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Restaurante
“Solar Bragançano”
Almoço
Entradas
Fumeiro,
Chouriço, Alheira, Presunto, Queijos
Sopa
-
Canja de Perdiz
-
Sopa de Legumes
Pratos
-
Túbaras Solarengas
-
Arroz de Galinhola
-
Posta de Vitela Mirandesa
-
Veado ou Javali estufado em pote de ferro
Um Real Gabinete pujante - Ernesto Rodrigues (40 anos de vida literária)
O 7.º Colóquio do Polo de Pesquisas
Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
reuniu, entre 1 e 5 de Setembro, 160 conferencistas à volta de “Percursos
interculturais luso-brasileiros: modos de pensar e fazer”, numa demonstração de
invejável pujança, à imagem da coordenadora-geral, Gilda Santos.
Na Sala dos Brasões, após a abertura pelo
presidente do RGPL, António Gomes da Costa, e da representante do cônsul-geral,
a diversidade de trânsitos Brasil-Portugal veio inaugurada na conferência de
Isabel Pires de Lima, sobre autores recentes, e na adaptação cinematográfica do
romance Estive em Lisboa e lembrei de você, que ultima José Barahona.
As sessões plenárias foram dedicadas a Eça de
Queirós, Camões ‒ Vanda Anastácio historiou o nascimento da disciplina de
Estudos Camonianos na Faculdade de Letras de Lisboa (1925) ‒, urbanismo
(extraordinária influência pombalina na morfologia de São Luís do Maranhão, por
Margareth Gomes de Figueiredo), poesia, cinema e dança (Ida Ferreira Alves,
Joana Matos Frias, Mônica Fagundes), intercâmbio jornalístico e
romance-folhetim (Ernesto Rodrigues, Maria Eunice Moreira, Nelson Schapochnik,
Teresa Martins Marques), Castilho cronista, paisagens de pobreza em Torga e
Manuel da Fonseca, Adolfo Casais Monteiro ensaísta (Eduardo da Cruz, Francisco
Ferreira de Lima, João Tiago Lima). O encerramento simbólico deu-se com o
testemunho de Zuenir Ventura sobre “Os cravos de Abril, 40 anos depois”, ele
que foi o primeiro jornalista brasileiro a reportar a Revolução, tendo na
assistência Cleonice Berardinelli, com 98 anos ainda frescos.
Ernesto Rodrigues |
Eis pálida imagem de semana intensa, ainda com
o chorinho do grupo Vê se gostas, que actuou na Biblioteca, e, diante dos
olhos, o projecto O Real em Revista, com patrocínio da Petrobras ‒ 600 mil reais
para, em 20 meses, digitalizar, e disponibilizar online, 30 mil páginas de
periódicos, como se explica em No Giro do Mundo. Os periódicos do Real Gabinete
Português de Leitura no século XIX (2014), primeiro volume organizado por
Eduardo da Cruz.
FOLHETIM EM ASSIS
Já na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp,
campus de Assis, o XII Seminário Internacional de Estudos Literários, entre 9 e
11 de Setembro, dedicado aos “Avatares do folhetim”, reuniu 150 estudiosos
brasileiros ‒ citemos Yasmin Jamil Nadaf, Germana Araújo Sales, Socorro
Barbosa, Lúcia Granja, Maria Eulália Ramicelli, Orna Messer Levin, Sílvia Maria
Azevedo, Rosane Feitosa ‒, a que se associaram as universidades de Lisboa
(Teresa Martins Marques apresentou A mulher que venceu D. Juan e Ernesto Rodrigues
fez a conferência de abertura), Roma Tre (Giorgio De Marchis) e Sorbonne
Nouvelle, Paris III (Jacqueline Penjon, que encerrou). Iniciativa do Programa
de Pós-Graduação em Letras coordenado por Alvaro Santos Simões Junior e Maira
Pandolfi, impressiona o trabalho que borbulha sobre ou a partir de género
jornalístico-literário com tradição secular.
[JL-Jornal de Letras, Artes e Ideais,
15-X-2014, p. 28.]
17 outubro 2014
MENSAGEM DA DIREÇÃO
MENSAGEM DA DIREÇÃO
Caros
associados e amigos.
Vai a Câmara Municipal de Bragança e
a Academia de Letras de Trás-os-Montes prestar a merecida homenagem ao
Professor Doutor Ernesto José Rodrigues, cumpridos que são quarenta anos da sua
vida literária. O evento decorrerá no próximo dia 13 de Dezembro, conforme o
programa aqui divulgado.
Sendo certo que dispensa qualquer apresentação,
permitam-me, no entanto, que lhes lembre que Ernesto Rodrigues é doutor em
Letras pela Universidade de Lisboa e professor na Faculdade de Letras da mesma
universidade. Do seu riquíssimo curriculum
vitae, destacamos apenas as funções de leitor de Português na Universidade
de Budapeste, onde desenvolveu um notável trabalho de aproximação cultural
entre a Hungria e Portugal que, aliás, está a prosseguir, com diversas atividades
de cooperação entre ambos os países. No distrito de Bragança, foi professor na
Escola Superior de Educação e membro do Conselho Científico da Escola Superior
de Tecnologia do IPB, de Mirandela, e de outras instituições do ensino
superior.
Como escritor, poeta e ensaísta
possui uma vasta obra que foi elaborando ao longo destes quarenta anos de atividade
literária. Correndo o risco de pecarmos por defeito, referimos o romance Torre de Dona Chama, O Romance do Gramático, A Casa de Bragança, Fastigínia, Passos
Perdidos (a ser lançado no âmbito da homenagem), obras integradas num muito
mais vasto trabalho no campo da poesia, do romance, do ensaio literário e da
tradução de autores consagrados.
Para a celebração dos quarenta anos
da vida literária, a Academia de Letras de Trás-os-Montes solicitou ao
realizador cinematográfico Leonel Brito a produção de um documentário sobre a
vida e a obra do escritor, com o título “Ernesto Rodrigues – 40 anos de vida
literária”, trabalho a apresentar também nesse dia.
Por todas estas razões, vimos
convidá-los a participar neste evento que é dedicado às letras transmontanas,
por via da homenagem ao escritor e poeta Ernesto Rodrigues, o primeiro Presidente
que foi da Direção desta Academia e que a ela se mantém ligado, dirigindo os
trabalhos da sua Assembleia Geral.
Com as nossas saudações académicas.
António Pinelo Tiza
(Vice-Presidente da Direção)
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA
16 outubro 2014
Antologia da Poesia Húngara (Selecção e tradução: Ernesto Rodrigues)
Sinopse: Reúnem-se, aqui, 320 poemas escritos
de 1448 a 1996, por 45 poetas húngaros nascidos entre 1434 e 1959. Do humanista
Janus Pannonius, com 37 epigramas tirados do latim, a József Attila, o mais
representado (de quem se traduz um em francês), fica o leitor a conhecer
Balassi, Zrínyi, Csokonai, Vörösmarty, Arany, Petőfi, Ady, Babits e outros
novecentistas entretanto vertidos nos últimos vinte anos. Recolhendo autores
canónicos – mesmo os extraídos de uma já antiga, mas pioneira, Novíssima Poesia
Húngara (Lisboa, 1985), também devida a Ernesto Rodrigues –, podem, agora, os
portugueses ficar com uma ideia de literatura cuja distância, a começar pelo
diverso sistema linguístico, já politicamente se esbate.
Biografia do autor: Ernesto Rodrigues (Torre
de Dona Chama, 1956) é poeta, ficcionista, crítico e ensaísta, editor
literário, tradutor de húngaro. Professor auxiliar com agregação da Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, preside à direcção da Academia de Letras
de Trás-os-Montes.
Estreado em 1973, resume 40 anos de poesia em
Do Movimento Operário e Outras Viagens, 2013. Na ficção, assinou: Várias Bulhas
e Algumas Vítimas, 1980; A Flor e a Morte, 1983; A Serpente de Bronze, 1989;
Torre de Dona Chama, 1994; Histórias para Acordar, 1996; O Romance do
Gramático, 2011; A Casa de Bragança, 2013. Principais títulos ensaísticos:
Mágico Folhetim – Literatura e Jornalismo em Portugal, 1998; Cultura Literária
Oitocentista, 1999; Verso e Prosa de Novecentos, 2000. Editou ‘O Século’ de
Lopes de Mendonça: O Primeiro Jornal Socialista, 2008, e Tomé Pinheiro da
Veiga, Fastigínia, 2011.
Antologia da Poesia Húngara
Antologia da Poesia Húngara
Selecção e tradução: Ernesto Rodrigues
15 outubro 2014
Gilda Santos, Belver, Brasil, por Ernesto Rodrigues (40 anos de vida literária)
Fomos encontrar, Teresa e eu, o nome de Belver
encimando a casa da serra de Gilda Santos, em Araras, Petrópolis, a menos de
duas horas do apartamento carioca da Gávea. É um condomínio fechado em silêncio
e largueza de pulmões, e, no interior da moradia, sinais de viagens ou
colecções cuidadas pela ex-professora da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, onde se doutorou sobre O Físico Prodigioso seniano. Desperta-me a
atenção alto gargalo vencido em rolhas de cortiça, outras tantas garrafas de
vinho bebido pelo raro enólogo que é o marido, Emmanoel. No exterior, entre
canteiros bem tratados por quem nomeia cada flor e um relvado que olha o nome
da aldeia natal, Belver, percorremos a Rua de Portugal, como informa um dos
muitos azulejos que nos deixam em família. Ela aproveita para gravar os nossos
depoimentos destinados à página Ler Jorge de Sena, com que acaba de conquistar
o Prémio Jorge de Sena (a entregar em Novembro), oferta de anónimo e decisão de
júri escolhido pelo CLEPUL ‒ Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e
Europeias da Universidade de Lisboa (Grupo 1).
Antes da subida ‒ indica-nos, à esquerda, a
casa de Elba Ramalho ‒, lauteámo-nos na Pousada da Alcobaça, em Corrêas, onde,
só de olhar ao almoço e à envolvente natural, apetece ficar uns dias. Vínhamos
com apetite, já, após longa travessia desde D. João VI e seu neto Pedro II, que
de Petrópolis fazia, no Verão, capital imperial, em cujo palácio ‒ hoje, museu
‒ passeámos, dentro de chinelos próprios. O imperador, aliás, gostava de usar
pantufas…
Ora, este 6 de Setembro, sábado
histórico-ecológico, é generosidade de quem acaba de viver cinco dias
intensíssimos enquanto coordenadora-geral do 7.º Colóquio do Polo de Pesquisas
Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
(também vice-preside a este), que distribuiu 160 conferencistas sobre
“Percursos interculturais luso-brasileiros: modos de pensar e fazer” pelo Real
Gabinete e Liceu Literário Português. É difícil, em Portugal, imaginar uma
organização destas, em que Gilda tanto pensa o almoço dos convidados como
dirige mesa de jovens pesquisadores. Gostei que trouxesse à Sala dos Brasões a
querida professora Cleonice Berardinelli, 98 anos em 28 de Agosto.
Aos seis anos, partiu para o Brasil a menina
de Belver, Carrazeda de Ansiães. Lá e cá, é a principal ponte entre as margens
do Atlântico.
Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária - PROGRAMA (Cartaz)
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13 outubro 2014
D. Fernando I, segundo duque de Bragança, por Ernesto Rodrigues (40 anos de vida literária)
D. Fernando I, segundo duque de Bragança
Fora a carta de foro dada no arraial de Ceuta,
em 20 de Fevereiro de 1464, era de Cristo; Pero de Alcáçova, que a escrevera,
entregou cópia a um parente meu, Afonso Roiz, ou Rodrigues, e, a rogo do duque,
recado para vir mostrá-la em pessoa, obrando aquela fala breve.
A história dirá quem era esse Afonso
Rodrigues, e antepassados. Quem sou eu, do mesmo nome, cujos últimos dias
talvez venham escondidos num fio da sua meada.
Foi há 550 anos; não imaginava que, na
indefinição de criança em calções, sandálias lestas, o passado viria
acariciar-me, exigindo este discurso.
Saudava, agradecido, D. Fernando I, segundo
duque de Bragança, na estátua de bronze, sobre três blocos rectangulares de
granito em assento leve, rodeada de folhame. Em cota leve, flectia ligeiramente
a perna direita, espada embainhada e oblíqua, fincada, rígida, à esquerda, com
determinação; e, entreaberta na mão direita, a carta foraleira, que oferecia, confiado,
à cidade. Miudamente, observava as cotoveleiras, joelheiras, o cabelo grisalho
caindo sobre as orelhas, e franjado na testa, com duas rugas verticais, fundas.
A comissura dos lábios era grave. O neto de D. João I, rei ínclito que renovara
o castelo – filho do primogénito D. Afonso, primeiro duque de Bragança −,
mostrava-se firme, teso como a dignidade.
Eu assistira à inauguração, em 1964, ganapo
ainda, enroscado nos pilares de ferro em que assentava um dos cinco candeeiros.
Tinha oito anos, nada sabia de nós. Lembro-me da formatura de senhores, que
escureciam o dia, e, talvez por isso, menina vestida de branco, um loiro
anelado, da minha idade, sobressaía na manhã fresca, oferecendo salva de prata.
Agora, vinha aqui todos os dias, a casa dos
avós, cada vez mais tristes, por mim, sentia. Antes, repousava no rectângulo de
pedra frente à estátua, que dois bancos em voo semicircular enquadravam.
Alternava verde; à direita, a pousada de São Bartolomeu, onde sonhava
descansar, um dia; em fundo, o ronronar do Rio Fervença, sucedendo galos, cães,
poalha de vozes… Nas tardes de sol, árvores e duque estampavam-se na tela
muralhada.
Ao tempo, D. Fernando I e eu ouvíramos outros
discursos embalados em patriotismo – civis, militares, religiosos; exaltados
telegramas de cumprimentos e saudações, martelados de stop, à imagem de um país
sem iniciativa.
A Casa de Bragança, Lisboa, Âncora Editora,
2013.
08 outubro 2014
Júlio Machado Vaz - Convite
Era uma vez um professor…, de Júlio Machado Vaz
Resumo: Em Era uma vez um professor…, o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz reúne uma série de textos proferidos em diferentes conferências ao longo da sua carreira. Esta é uma leitura de extremo interesse, em que aborda assuntos curiosos da forma didáctica, científica mas descontraída, que caracteriza o seu discurso.
Júlio Machado Vaz debruça-se sobre pessoas e temas tão diversos como Mozart, José Sócrates e Álvaro Siza Vieira; o amor cortês, a arquitectura e o Serviço Nacional de Saúde. Porque, com
o Abel Salazar reflectiu, «um médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe».
o Abel Salazar reflectiu, «um médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe».
Autor:
Júlio Guilherme Ferreira Machado Vaz nasceu a 16 de Outubro de 1949, no Porto.
É médico psiquiatra. Professor auxiliar a título definitivo aposentado e ex-regente de Antropologia Médica no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Membro do Conselho Consultivo da Universidade Lusíada.
Membro do Conselho Consultivo da Fundação da Juventude e director técnico da Comunidade de Inserção Eng. Paulo Vallada, para adolescentes grávidas e mães com seus filhos. No mesmo contexto, preside a Direcção da Associação Acolher e Cuidar para a Cidadania, que passará a assegurar o funcionamento da referida comunidade.
Director clínico da Comunidade Terapêutica para recuperação de toxicodependentes de Adaúfe, em Braga. Membro da Comissão de Ensino da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e vice-presidente da mesma sociedade.
Livros publicados: O Sexo dos Anjos; O Fio Invisível; Domingos, Sábados e Outros Dias; Muros; Conversas no Papel; Estilhaços; Estes Difíceis Amores; O Amor é…; Aqui entre Nós; Vinte Anos Depois.
Programas de rádio: «Sexo dos Anjos» e «A Bela e os Monstros». Nos últimos dez anos, é autor/apresentador de «O Amor é...», na Antena 1.
Programas de televisão: «Sexualidades» e «Serralves Fora de Horas». Actualmente, é comentador residente do Porto Canal.
CARTA AOS MEUS NETOS
À GUISA DE PREFÁCIO
«Rapazes,
À primeira vista, tresanda a redundância dedicar-vos um livro que pontua a minha entrada na velhice oficial. Vocês são o futuro da tribo, os parceiros de almoços apressados entre aulas e partidas de ping-pongpreguiçosas em Cantelães, a terapêutica de choque se o sorriso ameaça de divórcio o coração. (O dos lábios não é problema, ora sublinha alegrias, ora disfarça tristezas, é multiusos; epidérmico. Mas o do coração é fundo. Se nos deixa, a força de viver, órfã e às escuras, hiberna sem Primavera garantida.) Logo, tudo o que escrevo ou digo vos pisca o olho, na esperança de um segundo de atenção, com sorte, do privilégio da vossa curiosidade.
06 outubro 2014
LÍNGUA CHARRA - Regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro, por A. M. Pires Cabral (Letra B)
BÁ. interj. Pois seja! Está bem assim! M.
Cavaleiros; Mogadouro. Por ‘vá’, do v. ‘ir’.
BABADEIRA. s. Babeiro. PEREIRA RL XI.
Comum no país.
BABANCA. s. Lorpa; palerma.
Cavaleiros; Mogadouro. Por ‘vá’, do v. ‘ir’.
BABADEIRA. s. Babeiro. PEREIRA RL XI.
Comum no país.
BABANCA. s. Lorpa; palerma.
04 outubro 2014
40 anos de vida literária de Ernesto Rodrigues - O POETA E O FRADE,por Teresa Martins Marques
Em 2006, o Ernesto e eu fomos à Feira do Livro
de Braga. Ao passarmos perto do Seminário de Montariol, o Ernesto comentou:
- Foi ali que aos 16 anos mandei imprimir o
meu primeiro livro de poesia- «INCONVENCIONAL», pago pelo meu pai, é claro.
- Ali? Mas ali é um seminário franciscano!
-Sim, mas tinham lá uma gráfica. Era um frade
que tomava conta dela. Um tal Frei Perdigão. Deve ter morrido há muito. Já era
velho nesse tempo.
-Velho? Tu tinhas 16 anos qualquer um te
parecia velho! Vamos mas é lá ver se o homem morreu ou não!
Levei o Ernesto atrás de mim, e chegámos à
recepção. Camilianamente, pergunta :
- Frei Perdigão ainda é vivo?
Uns olhos muito abertos respondem:
-Sim... Está além naquele anexo. E apontava
para o fundo do jardim. O Ernesto faz um ar intrigado e já eu...
-Vamos lá falar com ele!
E fomos. Um homem ainda bem conservado,
soubemos depois que tinha 67 anos, olha para nós, curioso. O meu companheiro
avança em direcção ao frade:
-Frei Perdigão?
- Ernesto Rodrigues.
-Mas não é de Bragança, pois não?
-Sim... Do distrito de Bragança, da Torre de
Dona Chama.
- Ora uma destas !
E nós ainda mais espantados do que ele.
- Então você é aquele catraio que me entrou
aqui num dia de temporal com um livrinho de poesia para eu editar?!
- Siimm... Sou eu ...- gaguejou o Ernesto.
-Não me diga!
- Hum...
- E o que e que faz na vida o poetinha?
-Sou professor em Lisboa... na Faculdade de
Letras.
- Logo vi! Logo vi que ali havia coisa com
futuro!
O Ernesto emudeceu e eu atalhei.
-Mas porquê, Frei Perdigão?
- Porque eu recebia aqui quilos de poesia boa
para embrulhar mercearia e de repente aparece-me um livrinho diferente, um
livrinho catita e eu disse com os meus botões: sim senhor, este catraio é bom!
Temos aqui homem!
-Então e continua a ser poeta, não é verdade?
- Sim...
E eu:
-Poeta e romancista... Pelo menos...
Frei Perdigão sorriu quis saber o "pelo
menos", informou-se dos títulos, cada vez mais encantado. Um fantasma
aparecera-lhe assim de repente do passado, não era para menos. Olha-me
sorridente:
- Sabe que não o deixei ir embora nesse dia ?
Começou a trovejar e disse-lhe:
-O menino hoje não sai daqui com este
temporal! Vai dormir ali numa cela ...
E o frade contava , contava...
Interrompo : Frei Perdigão, o senhor que idade
tinha nesse tempo?
Sorriso franco e nostálgico:
-Oh! nesse tempo era ainda um rapaz novo.
Deixe ver... Tinha os meus 36 anos...
Já recompostos da emoção, na descida de
Montariol, não resisti:
- Com que então, Ernesto, quando tu tinhas 16
anos o frade já era velho, muito velho...
-Longa vida, Frei Perdigão!
Teresa Martins Marques, 18 de Março de 2014.
O Acaso vestido de Franciscano
Balzac disse que o acaso é o maior romancista do
mundo. Na realidade, ao olharmos para
certos acontecimentos, que são fruto do
puro acaso, eles parecem-nos saídos das páginas de uma ficção premeditada ao
ínfimo detalhe.
É o caso do meu encontro com Frei Perdigão, o franciscano
que publicou Inconvencional - o
primeiro livro de poesia do meu companheiro Ernesto Rodrigues. Adolescente, eu frequentava o Colégio de Nossa Senhora da Bonança, em Vila
Nova de Gaia, dirigido pelas Irmãs
Franciscanas da Imaculada Conceição, quando a
minha professora de Português nos mandou fazer uma redacção comemorativa do dia do santo padroeiro - São
Francisco. A melhor redacção teria como prémio a publicação no jornal das
Missões Franciscanas , editado em Braga, no seminário de Montariol, cuja
gráfica era dirigida por Frei Henrique Perdigão. A professora mandou para a
gráfica as três melhores redacções .
Frei Perdigão escolheu e publicou a minha poesia intitulada « No Alverne». O recorte que
guardei dessa primeira aventura em redondilha maior, tem a data cortada. Eu teria
talvez 14 ou 15 anos. O acaso apareceu na adolescência do Ernesto e na minha , vestido de frade
franciscano…
NO ALVERNE
Propícia à contemplação,
O Poverello se embrenha
Fazendo meditação.
Não receia as escarpas
Tempestades ou calor.
Recearia, sim, perder
O seu tão Supremo Amor.
Animado de tal vida
De tal força, de tal Fé
Já não é o pecador
Pois o seu tão grande Amor
Diz quão santo ele já é.
Di-lo a irmã cotovia,
Poisando em sua mão.
Despertando-o p’ra Matinas,
Di-lo o irmão falcão.
Revela-o Frei Pecorella
Em sua terna afeição.
Di-lo o Alverne inteiro
Em seu clamor mais profundo:
Entre mim esteve o Santo
Mais santo de todo o mundo.
Teresa Martins
Marques (14 ou 15 anos)
Publicado no jornal mensário dos
Franciscanos (Braga, Abril de 1965 ? 1966?)
Frei Henrique Perdigão
Natural da Ribeira de Palheiros, freguesia de Miragaia, conselho da Lourinhã, onde nasceu a 23.01.1939. Entrou na ordem Franciscana a 10.01.1957, fez votos temporários a 15.08.1958 e, votos solenes e perpétuos 15.08.1962.
Na Província dos Portugueses da Ordem Franciscana, tem desempenhado várias tarefas de serviço aos Irmão e à comunidade dos Homens, como enfermeiro, é o responsável pela enfermaria Provincial de Montariol e co-fundador da "Fraternidade Cristã dos Doentes e Limitados Físicos". Trabalhou com grupos de catequese e jovens.
De 1954/1980 trabalhou na Tipografia Editorial Franciscana de Montariol como compositor mecânico e Vice-Administrador da mesma.
De 1981/1983 foi Prefeito-Adjunto do Colégio Franciscano de Motariol e e de 1981/1984 acumulou a tarefa de Professor de Moral e Trabalhos Oficinais, no mesmo colégio.
De 1984/2000 foi responsável pelo acolhimento dos grupos juvenis que utilizavam os espaços daquela casa Franciscana para encontros, retiros, etc. Desde 1987 desempenha as funções de cronista do Convento Franciscano de Montariol.
Foi membro do conselho Pastoral e Paroquial de S. Victor; do Secretariado da Catequese da cidade de Braga; do Sínodo Diocesano pelos religiosos não clérigos ( 1994/1997). Fundou o Agrupamento de 660 CNE de Montariol, vindo a ser condecorado com a cruz de prata de S. Jorge em 1985, foi lhe atribuído Louvor Nacional pelas Proposta Educativa para a terceira Secção do CNE em 1992, recebeu em 1995 a medalha de ouro S. Jorge e em 2005 a Cruz Monselhor Avelino Jesus Gonçalves; coordenou a Comissão Norte das Comemorações do Stº António em 1995 com a respectiva Exposição e vinda das Relíquias do mesmo a Portugal em 1996; organizou entre outras as exposições do Centenário das Missões Franciscanas em Moçambique em 1993; Oitavo Centenário da Vocação Franciscana em 2007 e o Museu das Missões no Centro Cultural Franciscano de Lisboa
e autor dos desenhos de suporte vitrais antonianos da Igreja de Stº António da Florida, Vigo, Espanha.
Bibliografia
Publicou os seguintes títulos:
- 60 Anos de Escutismo Católico em Portugal (1984), ed. CNE.
- Subsídios para a História da Ribeira de Palhjeiros (1992).
- D. Lourenço Vicente, Arcebispo de Braga e Primaz das Espanha (1997). (Esgotado).
- Stº António na Eiriceira (1996).
- Convento de Stº António da Lourinhã (parceira) (2003).
- Montariol nos últimos 25 anos, 1978/2003, (apresentado na reunião dos Antigos Alunos a 16 deJaneiro de 2004).
- Frei Boaventra Fernandes (2005). (Esgotado).
- Frei José Maria Custódio (1993). (Esgotado).
- Marcados mas Vivos (2005). (Esgotado).
- 25 anos ao serviço da Juventude - História do Agrupamento Escuta de Montariol. (2005).
- Colabora no jornal "Alvorada", nas revistas "Carta do Amigo" e "Monumento à Imaculada"
Bibliografia
Publicou os seguintes títulos:
- 60 Anos de Escutismo Católico em Portugal (1984), ed. CNE.
- Subsídios para a História da Ribeira de Palhjeiros (1992).
- D. Lourenço Vicente, Arcebispo de Braga e Primaz das Espanha (1997). (Esgotado).
- Stº António na Eiriceira (1996).
- Convento de Stº António da Lourinhã (parceira) (2003).
- Montariol nos últimos 25 anos, 1978/2003, (apresentado na reunião dos Antigos Alunos a 16 deJaneiro de 2004).
- Frei Boaventra Fernandes (2005). (Esgotado).
- Frei José Maria Custódio (1993). (Esgotado).
- Marcados mas Vivos (2005). (Esgotado).
- 25 anos ao serviço da Juventude - História do Agrupamento Escuta de Montariol. (2005).
- Colabora no jornal "Alvorada", nas revistas "Carta do Amigo" e "Monumento à Imaculada"
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