16 março 2014

Apresentação do livro Gaveta do fundo, de A. M. Pires Cabral, por Maria Hercília Agarez.

Escrevo versos num papel que está no meu pensamento – Alberto Caeiro
    É uma ousadia, senão mesmo um sacrilégio, apresentar um livro de poemas. Pela simples razão de que o poeta, por mais que confie no leitor e queira com ele estabelecer cumplicidades e interacções, receia legitimamente (ou não) que ele não entenda, como os seus companheiros, os seus “mansos trocadilhos”.
    Se o texto poético é susceptível de tantas interpretações quantas as leituras, reservo as minhas para uma intimidade reflexiva alheia a imposições de relógios que, para os aposentados como eu, fazem menos falta do que um par de óculos… Falo em leituras num plural não arbitrário. Pobre é o poema sem entrelinhas, sem subentendidos, sem ambiguidades, sem plurissignificações. O valor estético de um texto poético passa pela ausência de linearidade, pela maneira inovadora e surpreendente de transmitir uma mensagem, por uma riqueza imagética não forçosamente impeditiva de assimilar essa mesma mensagem. “A metáfora é a tal pequena perversidade do poeta”. in LER
    Que farei, então, aqui e agora? Deste homem, que direi? Antes de falar do livro que marcou a poesia portuguesa na passagem de ano, vou socorrer-me de palavras suas dispersas pelos seus versos, por jornais e revistas, em geral ilustradas, estas últimas, com a imagem urbana de “um camponês que anda preso em liberdade pela cidade” (citando Caeiro a propósito de Cesário Verde) com as suas serras como pano de fundo. Essas palavras ajudar-nos-ão a conhecer, em parte, a arte poética do autor de Arado, o seu quotidiano dependente do “ferrão do moscardo da poesia”.
    Seguem-se frases/expressões em que o poeta fala desta sua condição em entrevistas e nos seus diferentes livros de poemas. Registe-se que, nos últimos anos, a imprensa escrita e falada se tem feito eco mais sonoro da existência de um homem com uma obra notável, várias vezes premiada, traduzido em três línguas, e que teve a ousadia de desafiar o destino (Portugal é Lisboa…), mantendo-se perto das suas raízes nordestinas à prova de vendavais. Acordaram tarde, mas vale mais tarde do que nunca…
    Tentemos, então, reconstituir a Poética de Pires Cabral numa passagem de olhos pelas suas palavras, pelos seus versos, sem a pretensão de esgotar o assunto. Assim, em Solo Arável questiona-se: “De que obscuro canto/ recebo inspiração?”; em CAVALOS DA NOITE afirma ter “a escrita por vigia”, em DOURO: PIZZICATO E CHULA, dirigindo-se ao rio Douro, estranha que ele queira ouvir “as intrusas palavras inquinadas do poeta”, considera os companheiros de viagem “líricos nautas estouvados” e, usando um plural conhecedor, assume que os poetas são detentores “do seu pequeno gene de loucura”. Em ARADO, o homem que tem a natureza como espaço privilegiado de criação poética, assume humildemente: “é fácil ser poeta/ à custa do vento.” Em “Prefácio”, primeiro texto de TÊMPORAS DA CINZA, um dos livros mais doridos de Pires Cabral, afirma precisamente o contrário do que tinha defendido em entrevista à revista LER de Outubro de 2008: “Os poetas são os melhores de todos nós”. No verso que abre o dito poema escreve: ”Os poetas são os piores de nós todos”. Ideia reiterada, como que simetricamente, em “Posfácio”: “Os poetas, repito, / são os piores de nós todos”, ideia contrariada antiteticamente na seguinte estrofe: “Rectifico: os poetas, tigres de papel, / não são os piores de todos nós. / Serão talvez / os que mais se amotinam, / os que mais armadilham as palavras…”
    E, comparando-se às folhas das árvores, escreve: “Assim múltiplo e trémulo sou eu”. Sobre o ofício de poeta (“…nós- os oficiais do danoso ofício das metáforas”) escreve em “Ofício”:

“Este – o das palavras – não é o meu ofício.
O meu ofício é outro:
Encher os dias de silêncios,
Hesitações, amuos.

É isto que faço à minha revelia
- cada baldada manipulação
De palavras que entre si se não ajustam –
É desastrosamente
um silêncio a menos nos meus dias.

Um alvoroço a mais.”

    No poema “Poetas e Deuses”, inserto em COBRA D’ÁGUA, estabelece, como o título indicia, uma comparação entre uns e outros, insurgindo-se contra o dom dos segundos de fazerem o mesmo que os primeiro “transpirando menos”. Suor pressupõe trabalho, oficina, um “esforço circense de engendrar tropos, imagens, expedientes vários…” O texto remata com um plural que engloba os seus “irmãos poetas”: “….qualquer de nós não passa de um pedestre / sucedâneo de deus. E viva o velho!” O tom, subtilmente humorístico, não escamoteia uma realidade – o que subjaz a cada poema saído do labor aturado do artífice que utiliza “as mais eficazes ferramentas / do [seu] banco de carpinteiro.” (“Resposta” in GAVETA DO FUNDO)
   Voltemos à entrevista atrás referida: “… a inspiração não tem hora. Não se faz anunciar. Não bate à porta como um carteiro”.
    “Os poetas são os melhores de todos nós. São aqueles que abrem perspectivas de pensamento. Aqueles que, de alguma forma, nos ajudam a compreender um bocadinho melhor este mistério tramado - tramado, é realmente o adjectivo – que é a vida.”
    “A poesia entendida ao rés das coisas.”
     “Hoje, o que quero é exprimir-me através da minha poesia e derramar um pouco de beleza – se é que ela a tem – pelas pessoas que me lêem”. Eu acrescentaria e que me entendem, uma vez que é o próprio a defender a literatura legível, ficcional e poética, e a “acusar” certos contemporâneos de hermetismo. E diz: “… os meus poemas também podem ter qualquer coisa de hermético. Isto é, estou a exigir dos outros uma coisa que, por vezes, não lhes dou. Mas é assim mesmo. O homem é feito de contradições e eu assumo esta”.
     Antecipando-nos, cremos ser GAVETA DO FUNDO o livro de poesia menos hermético de Pires Cabral. Assim sendo, talvez os poemas desta gaveta lhe granjeiem mais leitores, alguns dos quais são adeptos confessos da sua ficção, mas se intimidam com a dificuldade de compreensão de alguns versos.
     Quando, em 2006, Pires Cabral recebe, em Mateus, o prémio D. Dinis, o presidente do júri, Vasco Graça Moura, intitula o texto justificativo da escolha de “Um Clássico a Nordeste”. O laureado aceita o epíteto. A propósito, o Jornal de Letras pede au poeta uma síntese autobiográfica onde ele afirma: “escrever é a minha maneira de escapar à morte: perdurar através daquilo que faço. É uma forma de a esconjurar.”E resume, assim, a sua existência: “Poesia – eis o recheio dos meus dias”, avançando com a metáfora “o ferrão do moscardo” que emprega, aliás, referindo-se tanto à poesia como à morte. Romain Rolland também disse: “Criar é matar a morte”.
     Tecidas estas considerações introdutórias sugiro-vos uma investida às “gavetas” de Pires Cabral que as labaredas não beberam nem beberão. Essas gavetas de um hoje, existem, algures, e transbordam como caudal de rio zangado com o seu leito. Nelas já se instalaram, irmãmente, respeitando cada uma o seu lugar, jóias literárias, logo imorredouras, escritas em oficina de filigrana, ao longo de quarenta anos. São elas a resposta silenciosa à dúvida expressa pelo poeta no poema “Senha” em SOLO ARÁVEL: “Que ficará de mim ao se apagar / o tímido clarão que me habitou?”
    Não cabe aqui referir toda a diversificada e a longa bibliografia de Pires Cabral. Reporto-me por razões óbvios, à sua última obra, mais do que nenhuma outra “badalada” e que, apesar da transversalidade temática que é o Nordeste, constitui, a nosso ver, o vértice de um triângulo cujas bases são Algures a Nordeste (1974) e Arado (2009).
    A colectânea contempla, grosso modo, três vertentes temáticas. Uma diz respeito a memórias de vivências rurais em convívio fraterno e cúmplice com campos cultivados, flores, árvores e frutos, ribeiros tranquilos, animais seus irmãos de vida, gentes labutadoras, sons de noras, de carros de bois e de chocalhos de rebanhos, “peixes distraídos”. Memórias comovidas também porque associadas a um tempo privilegiado de infância e adolescência, porque não passam mesmo disso, de memórias de realidades sofridamente irrecuperáveis. Aqui arrumar-se-ão, entre outros, poemas como “Erosão”, “Seara”, “Cães que tive”, “Pirilampos”, “Nora”, “Sunt lacrimae rerum”, “Requiem pelo rio Tua”. E, claro, “Terra Quente”, “a minha Terra Quente”, “fiel depositária do meu pó”, “meu invólucro final”.
    O poema “Aquele que trazia uma vinha guardada”, traduzindo embora uma memória, só fisicamente encaixa no passado. Volvidos cinco anos após a sua partida, ele continua entre nós, faz parte do património afectivo de quantos o admiram, a si e à sua obra. Sobre um outro António que também Cabral, a quem já dedicara um poema em Douro, Pizzicato e Chula, escreve este seu colega de oficio:

“ De modo que, enquanto não regressa,
 a sua voz continua a nosso lado,
 indicando caminhos, desbravando
 matagais que ocultam a esperança.”

    Uma segunda vertente é a dicotomia passado/presente em que o primeiro espreita, marca, implícita ou explicitamente presença. Trata-se de poemas que nos falam de um tempo hoje, desolador, de espaços corroídos, habitados por fantasmas, de onde a globalização e o progresso tecnológico escorraçaram homens e animais adjuvantes e /ou companheiros de vida, de um quotidiano captado pela lucidez por vezes impiedosa de quem se quereria em tempos idos. O poeta nos guiará, nos dará a sua visão poética, amenizará com a beleza de palavras e imagens a dureza de uma realidade irreversível de transformação e abandono.
    Paradigmático a este respeito, o poema “Fechou a escola de Grijó”, o que impede os seus poucos habitantes resistentes de ouvir “as aves da manhã a caminho da escola” mas que, em contrapartida, enche de júbilo o senhor ministro das Finanças.
    Cabe desde já referir que, embora a poesia de Pires Cabral se caracterize por um tom elegíaco em crescendo desde a publicação de E SE BOSCH TIVESSE ENLOUQUECIDO e QUE COMBOIO É ESTE? (uma muito conseguida alegoria sobre a morte) o poeta não deixa de temperar a dureza das suas inquietações ligadas à finitude e à “viagem” com salpicos de ironia, com notas humorísticas, espécies de antídoto aos “rasgões da alma”.
     A subtileza deste entrelaçar de elementos (aparentemente) contraditórios constitui um desafio a uma leitura atenta. Tomemos por exemplo o texto “Aos meus óculos”, um objecto do dia-a-dia, indispensável para ler a vida. Se o tom é subtilmente trocista, não podemos deixar de reparar numa comparação que o poeta faz, sempre cônscio da sua fragilidade: “Vós que sois de vidro quebradiço/ como o meu próprio barro,…”
     Não poderia ter passado em falso o destino de um rio outrora “amotinado contra as pedras, /cheio de força e pressa…..” que vê o seu currículo de “rio tumultuoso que mordia as próprias margens…” achincalhado por imposições técnico-económicas, amansado como  fera shakespeariana, morto, “vitimado/ pelos seus próprios ímpetos / que escondiam turbinas.”
     O tema dominante deste livro é, sem dúvida, o da desertificação das aldeias nordestinas, o abandono dos campos, a modificação da paisagem. Como escreveu Pedro Mexia, é ele um “Requiem transmontano” e melhor não sou capaz de dizer. E esta expressão remete-nos para um desabafo do nosso poeta no texto “Emigrantes” em ALGURES A NORDESTE – “Para cá do Marão manda o olvido”.
     Ignoramos se é intencional da parte de Pires Cabral dedicar os últimos quatro poemas ao que resta do passado e que pode assim resumir-se: pequenas hortas de subsistência, escombros, “pedras, cardos, ervas sem préstimo”, poeira, “Gente pouca, envelhecida, / muito dada a morrer.”, “ventos que mordem o vazio dos campos”, em suma, e empregando uma eloquente expressão do autor – “O desuso agrário”. Do que foi vida, movimento, cultivo, azáfama agrária, produtividade, “Restam as hortas”, poema fulcral na economia da obra, espécie de súmula, de síntese de um Nordeste sempre assumido.  Apesar de tudo, algo resta de uma identidade ameaçada, além dos tais cibos resistentes onde o ventre da terra continua a abrir-se à espera de ser fecundado. O poema “Procissão de Aldeia” a lembrar-nos João Villaret e António Lopes Ribeiro, é uma espécie de políptico, em que visualizamos, passo a passo, o desfilar do cortejo religioso em honra do Santo em liberdade provisória, onde é escalpelizada uma realidade rural mais ou menos estereotipada e respeitada uma hierarquia tacitamente aceite por todos os fiéis que “apaparicam” o padroeiro: “No fim de tudo, volta o Santo ao seu altar / de papinho cheio…” A respeito deste poema de registo forçosamente narrativo, chamamos a atenção para o apurado sentido de humor mais relevante quando se refere aos sapatos novos do padre: “Debaixo do pálio, o senhor padre pragueja mentalmente / contra os sapatos novos que lhe apertam os calos…” Outra realidade actual é narrada, em tom crítico, diríamos mesmo de uma ironia trágica, no texto “Magusto no Lar de Idosos”. Mais urbanos que rurais, estes espaços recolhem velhices e doenças desamparadas, em geral em acumulação. Ao assinalar datas festivas com actividades lúdicas, as assistentes sociais agem “como se houvesse ainda no apoquentado / quotidiano dos velhos lugar para a festa”.
    Registe-se o carácter bipartido, tripartido e mesmo quadripartido de vários poemas deste livro. Como em andamentos de uma sinfonia, o poeta faz as suas pausas para que o leitor tome fôlego. Reparte o todo por partes em sequências lógicas, em segmentos temporais ou outros, quase sempre sem autonomia, uma vez que se encontram interligados, como é o caso de, por exemplo, “Vento”, “Nora”, “Requiem pelo Rio Tua”, “O Ribeiro e Eu”, “Nalguinhas”.
     Entre aspectos da estética poética de Pires Cabral transversal a todos os seus títulos, realce especial para o bestiário: pardais, milhafre, pintassilgo, borboletas, rebanhos, gato, vaca, peixes, lagartixas, caracóis, rãs, pirilampos, animais benévolos, excluindo o milhafre a que se vêm juntar, no poema que remata o livro, ratos e morcegos, únicos habitantes possíveis num habitat que já não é de gente: “O último a sair que apague a candeia / e cerre a porta. Que      ratos e morcegos / possam sem ser perturbados devassar / o que outrora foi lugar de gente, / apoderar-se dele, // fazer dele o seu salão de baile.”
    Reservei para o fim a abordagem daquilo a que Pires Cabral chama “peregrinação / aos lodos de mim” onde impera a presença do eu, o discurso de primeira pessoa, logo o extravasar de uma interioridade partilhada. Vamos ousar ser nós os peregrinos em romagem ao interior do poeta da nossa devoção. Calculo que ele subscreveria os versos de Caeiro em O Guardador de Rebanhos: “Ser poeta não é uma ambição minha / É a minha maneira de estar sozinho”. Sabemo-lo introspectivo, ensimesmado, feito de “vidro quebradiço”, com ar de quem traz sempre um verso atravessado no pensamento. Buscamos mais elementos susceptíveis de acrescentar dados para a sua poética, para a sua forma pessoal de encarar a criação literária. E eles surgem-nos, discretos, modestos, irónicos. Em “Arte de gritar” confessa-nos uma ambição e partilha connosco uma decepção: “Quisera dizer coisas / que ninguém tivesse dito antes de mim”, mas os seus antecessores só lhe deixaram migalhas “…para eu me entreter // como uma criança pobre brinca com destroços/ de brinquedos recuperados do lixo.”Em “Bucólica” (apesar de tudo mantêm as aldeias um certo bucolismo virgiliano), um quadro pintado “com letras, com sinais”, à moda de Cesário, as vacas que pastam no lameiro têm alma de poeta “mas sem as birras destes”. Brinca com a sua essência como acontece em “Do mal, o menos”: Trago assanhada a veia da poesia (…) // Mas enfim, do mal o menos: / sempre é melhor trazer a poesia / assanhada do que ter, por exemplo / a aorta dilatada”. Ainda num registo jocoso, o poema “Resposta” refere-se ao castigo dado pelo vento a alguém que o interpela “Soberbo com as [suas] prerrogativas de poeta”.
   Na parte II de “Flor da Esteva”, esta espécie bravia que, juntamente com a urze e a giesta grita a primavera num branco pintalgado de vermelho, o poeta, contagiado pelo eco festivo, arrisca “algumas serôdias aleluias” – “Só que a mim/ os gritos saem-me pretos / e sem pintas de nenhuma cor.”
    Recorrendo (o que é habitual) a comparações, o poeta surge-nos consciente de ter uma missão a cumprir, como um “Caminho de pé-posto”: “sou um caminho e levo a algum lugar”.
Identifica-se, também, com um ribeiro em “O Ribeiro e Eu”: “ambos movediços, / trazemos de nascença caminhos a cumprir” e com uma ribeira: “é fatal perdermos parte de nós /caída no caminho.”
    O livro encerra sob o signo da despedida – “O Adeus às Almas”, um poema cru, acutilante, mordaz. É um adeus aos espaços e às gentes do nordeste, um render da guarda, um passar de testemunho de gentes para bichos repugnantes e negros que se assenhorearão de um território sem que haja necessidade de luta entre sitiantes e sitiados porque estes não existem.

    Terminamos com um poema do livro que foi a primeira pedra daquilo que é, hoje, um templo de poesia, onde se deve entrar limpo de pés e de alma. Há 40 anos escreveu Pires Cabral em “Hic et Nunc”:

Aqui e agora assumir do Nordeste
a voz hostil. A excessiva morte
hei-de perfazer: exigência de mim
em campo ferido – memória augusta e salutar.
assumir o Nordeste. urgente. em duro exemplo
vivo. aqui e agora o Nordeste aprendido.
teimar  com mansidão. como se
nunca o peito aberto me doesse.
                                      
in ALGURES A NORDESTE
            
Vila Real, 14 de Março de 2014-02-27
    
 M. Hercília Agarez

 Nota do editor:

– Apresentação do livro Gaveta do fundo, de A. M. Pires Cabral, por Maria Hercília Agarez.  
  No dia 14 de Março de 2014, às 21h00, no Centro Cultural Regional de Vila Real.  


1 comentário:

f.mascarenhas disse...

A maior parte das vezes se perdem belas apresentações, porque não há o hábito de as escrever, e ainda menos de as publicar. Ainda bem que não foi o caso. E aqui temos este belo texto da Maria Hercília Agarez sobre "A Gaveta do Fundo" e não só. Bem longe disso. Perpassa-nos aqui sugestão suficiente da obra poética do António Pires Cabral, para que sintamos vontade de a revisitar. E, quanto a mim, leitor canhestro de poesia, serve esta apresentação para me levar a reler o que li pouco devagar: precisamente "A Gaveta do Fundo".