05 abril 2014

Fulgurações do Silêncio, António Moraes Machado

Canto

Canto somente o que sinto.
Os sonhos que faço nascer,
E me alimentam,
E os que não quero ter,
E me atormentam.

Canto a vida
E a felicidade
De viver cada minuto,
E canto também a amargura
Que me entristece
E me dá luto.

Canto a minha filha
Que me dá amor,
Paz,
Tranquilidade.
E canto também o meu filho,
Torrente de angústia,
Que me corrói o peito de saudade.

Canto a agitação profunda,
O sofrimento que tortura
E me afunda.
Canto a emoção
Das coisas belas,
Que dão à vida uma razão.
Canto a tristeza
E a alegria,
Desde que me toquem bem fundo.
Canto a noite

E canto o dia.

Sem comentários: