Mário Cláudio diz muito em pouco
espaço e tudo em tempo reduzido. As palavras querem-se ganhas, contidas,
trabalhadas, buriladas em final de pena.
Ernesto Rodrigues enreda
ironicamente uma história ficcional em tempos presentes, postos em causa por
regime político, dito democrático.
Existe um discípulo.
Num, um pai adoptivo, um mestre,
um herói, um ídolo.
Noutro, um pai verdadeiro, (dois
pais) que rejeitou a sua existência e vem mais tarde redimir-se de tal acto.
"Retrato de Rapaz" é
uma pintura cromática de Leonardo da Vinci, intensa, odorosa, plena de afectos,
em miscelânea de decepção, dor e angústia. Mário Cláudio é o Mestre, o Homem.
Ernesto Rodrigues, em
"Passos Perdidos" de rebeldia, mediocridade, amorfismo, hipocrisia,
vaidade, inveja e maledicência, põe-nos perante um enredo presente de uma
realidade nua e crua que transforma em ironia, questionando-nos de forma
aspiciente sobre o nosso passado e o nosso presente. Maravilhoso e multifacetado
romance!
Cinco séculos é tempo demais?
Para quem, se comportamentos humanos semelhantes?
Leonardo,
de quem não se conhece qualquer relação amorosa, foi talvez o caso mais famoso
de esquerdismo, diz-nos Mário Cláudio citando Sigmund Freud. Porém, o presente
herói, é o discípulo eterno do Mestre,
rapaz belo, de rosto bronzeado, cabelos aos caracóis, 10 anos de vida. Modelo e
discípulo picado de pulgas no pescoço e a quem nem a lavagem consegue remover o
sarro acumulado. Garoto confrontado por umas pupilas azuis do tom das pétalas
da pervinca, mestre, amo, pai, amigo, deus, monstro e feiticeiro. Tal
mafarrico, Salai, merece mais um par de corninhos do que umas asas de anjo, mas
Leonardo mandou talhar-lhe "duas camisas, dois calções e um gibão".
Um criado novo para varrer o chão da oficina, que pose para um ou mais
desenhos, um catraio e diabrete, a quem foi necessário dar banho, catar os piolhos
e ensinar o nome dos bichos da terra.
A Arte da Política
(diga-se Furtar com unhas políticas), encerra dois preceitos: o bom para mim e
o mau para vós, e, a razão de Estado, pois, não estou seguro, tendo junto de
mim quem me faça sombra. Pergunta Ernesto Rodrigues: um jovem político com
futuro ou um jovem com futuro na política? Aí está a diferença. Subir a escadaria
da Assembleia da República, entrar nela, na sede da democracia, apesar da
falência do regime, auscultados por dois lagos azulinos e "seios
suspensos, ali na minha cara túmidos de vergonha", no outrora Mosteiro de
São Bento da Saúde ou de S. Bento dos Negros. Os Passos Perdidos, obra de
artista com história, onde se passeiam vaidades, ódios, rancores, hipocrisias e
negociatas. De mão flácida e com cheiro a suor de 3 dias, deputado surge: - Às
ordens de Vªs. Exªs., ... "já que para ele os votos são matéria volátil,
como a própria vida, ele que se ia candidatar pela 15ª vez em quatro décadas".
CEO pronto, oferece os seus humildes préstimos, colocando jovem colaborador ao
seu serviço, já que ele não pode surgir mais nesta mistura de negócios, melhor,
banco de investimento, com política. Escolha? Defesa da nação há décadas, sem
sair "da última fila do hemiciclo", já que o maior perigo vem do
próprio partido e das amizades fingidas.
Ladrão
e mentiroso, teimoso e ganancioso, discípulo de má sorte, mas a quem a amizade
moldou inquebrantável. Era necessário ensinar-lhe a não ser vaidoso, nem
arrogante, pelo que a bela vestimenta que lhe mandou fazer, foi destruída, logo
que a vestiu. Seguia-o como cachorro, por isso as pessoas pensavam e ofereciam
olhares intencionais "insinuando um relacionamento entre eles que talvez
fosse preferível deixar por esclarecer". Mas havia verdadeiros discípulos,
como um tal Marco d`Oggiono, favorecido por um talento invulgar a quem o Homem
"protegia com desvelo superior ao que dedicava aos restantes".
Argila, bronze, pincéis, moldes, papéis, lâminas de refracção, tintas, como a
vermelha, que continha "clara de ovo, cinza, vinagre, terra, pó de tijolo,
alcatrão, óleo de linhaça, terebentina e sebo".
O capitalismo tem de
repensar-se perante a penúria de quatro quintos da humanidade. Tal desiderato
ocorrido ao aprendiz de economia em entrevista com estagiária de jornalismo,
brasileira, de Ipanema, a quem expôs o benefício de escrever artigo sobre
determinado deputado. As congeminações financeiras de "não confiar",
"antes de mais, evitar ser apanhado em fraude fiscal e abuso de
confiança" ou "venha a nós o vosso reino", continuava
insidiosamente o aprendiz referindo à estagiária os bons serviços prestados ao jornal,
à banca e à democracia, embora ambos não passassem de uma peça de engrenagem,
disso tinha consciência. Mas continuava com a lição bem estudada, este nosso
herói de 1ª pessoa, em "mandar descobrir qualquer coisa encoberta da vida"
do "Frade Negro". E falava do comportamento político desse
"Frade Negro" que era nenhum. Ele próprio, que não era "sua
opinião, porque não tinha opinião". Na discussão da vida política parecia,
a pouco e pouco, esmerar-se, chegando mesmo aos artigos da Constituição da
República e ao seu preâmbulo" "abrir caminho para uma sociedade
socialista" por que não "abrir caminho para a felicidade".
Não seria mais simples e eficaz?
Pois não é o que desejam todos os seres humanos, serem felizes? Como? Cada um à
sua maneira! Como conciliar então, interesses tão díspares e visões
heterogéneas de felicidade?
O
artista e mestre continuava no seu trabalho árduo apoiado pelo seu discípulo,
que lhe seguia os passos na preparação de grandes festas de casamento dos
nobres de Nápoles. Também o levaria a ceata de atrevido marmorista rico de mãos
finas, lisíssimas e ágeis para a idade. Dar-lhe-ia a sua própria mãe como avó,
no "Amai-vos, como eu vos amo". Porém, ao aprendiz de nada servia
tamanho carinho, já que se tornou o chefe da quadrilha horrenda de monstros,
provocando no Homem e em sua mãe Catarina, lágrimas e rezas para afastar tal
abismo.
Que paradigmas ousas sonhar e criar Mário Cláudio? Que campos, programas
de pesquisa, produção de conhecimentos organizados, sistemáticos, queres
actualizar de conceitos e de valores, transformando a filosofia especulativa em
filosofia científica? Que forma lógica e rigorosa dessa prática te questiona na
uniformização de dizeres que todos os filhos são ingratos perante aqueles que
se entregam e dão incondicionalmente?
Não esqueças... há filhos e
filhos, e filhas, ( o feminino é fundamental ).
Procuras reforçar uma lógica da
confirmação e da teoria da verisimilitude, ou queres entrar na ética da
produção científica?
A educação não é aprendizagem de
uma visão da realidade, já que esta é múltipla, plural, complexa?
Esta linguagem de cálculo lógico,
para se tornar ciência, tem de introduzir factores de realismo na descrição da
realidade, o que se refere como objectivo: o que é falso e o que é verdadeiro.
Tudo tem um significado? Um
entendimento? Os porquês precisam-se. Porque filhos da mesma mãe e do mesmo
pai, têm comportamentos diferentes para com eles? E... geralmente...são aqueles
mais amados, mais ingratos...
O comício do deputado
democrata cristão em plena 6ª feira da Quaresma, ele tão silencioso? A vida do
Parlamento e da geração do nem, nem, nem (nem estuda, nem trabalha, nem emigra)
confrontavam-se com a vida do economista estagiário que em 2 dias "já
comera aquela estagiária; conhecera este-legislador" e não só... a adjunta
e chefe, a secretária do deputado. Em suma, um "comunismo de
afectos".
Eis o jovem de hoje que mergulha
na solidão do espaço temporal em que se sente perdido, único e só, como um
sobrevivente de terramoto surgido em plena noite, e, se questiona o que lhe
aconteceu, pela manhã. Que sentido dar a uma vida dedicada ao estudo, a uma
licenciatura, um mestrado, um doutoramento? De que lhe serve se, no mercado de
trabalho aufere melhor salário um aprendiz de qualquer coisa? Houve / Há escravos
em todos os tempos da história da humanidade. Retrocedemos milhares de anos. Os
escravos de hoje, são os jovens com habilitações superiores e vencimentos de
miséria; são a classe média, a quem lhe tiraram os rendimentos na perspectiva
do acesso a casa própria, carro, e, a dignidade para viver; são os idosos, que
nada mais podem acrescentar à sua parca reforma para ajudar filhos e netos; são
as crianças nascidas e em projecto, porque ainda não é tempo de nascerem, pois
os pais não têm pão, nem coragem para os
colocarem neste mundo e os poderem criar; somos todos nós, adultos, que lutámos
na esperança de uma vida melhor, passando infâncias atribuladas, mas ricas em
valores humanos, e uma juventude em trabalho, suor e lágrimas , com ilusão a felicidade.
Já jovem, com a idade de 16
anos de ganapo passara, mas não em mentiroso, vaidoso e ladrão. Visitou a
família paupérrima em sua terra natal, Oreno, fazendo-se passar por quem não
era, montado em ginete que Leonardo lhe emprestara. Mal sucedido na tentativa
da conquista da filha do cônsul, Bianca, Giacomo, rebaptizado Salai, não lá
voltaria tão cedo. Mas desgosto maior foi quando regressou à Corte Vecchia e ao
atelier de Leonardo, pois Catarina, sua 2ª mãe, encontrava-se morta. Mas as
acções menos nobres, as comezainas, festas, favores corporais e roubos eram o
seu quotidiano, a que Leonardo, por mais que o chamasse à atenção e lhe
mostrasse a sua tristeza, o demoviam.
Mas a vida de um jovem
economista sem provas dadas, não é fácil. Ele são as bolsas, os fundos de
acções, obrigações e derivados, os mercados cambial, monetário, e das matérias
primas, o mercado imobiliário, spreads, agências de rating, enfim, o sonho de
todos se tornarem ricos. Que dizer da inexistente justiça inteligente e do
crescimento de lóbis, que é o mesmo que dizer "insidiosa corrupção "e
da maranha de holdings que entontecem qualquer um", e os esquemas de fugas
dos impostos pelo "desprezo da humanidade". "Quanto mais
estúpido for o candidato, melhor responderá ao elogio". Enfim, "os
partidos, sem princípios, perderam há muito a ideologia: urge recuperá-la, e
aos princípios". Pois, "a arte suprema é propor lei absurda (do nosso
interesse) que os hábeis legisladores tomem por séria" e que os
escritórios de advogados mais baralhem. E que dizer da Lacailândia onde
"cheirar a sombra de um rico é sorte prodigiosa", como se a riqueza
se transmitisse por osmose. Pois, há que intervir em todas as frentes para apanharmos
o "Frade Negro", dizia o estagiário. Mas antes, há que desopilar,
arejar nesse cafarnaum dos festivais de Verão onde o ruído é superior a "uma
dúzia de anões ou acampamento militar" onde se misturam drogas livres,
comes e bebes e mais drogas, álcool e prostituição, consentidas pelos
seguranças e pela organização desde que não façam estragos, pois a procura é a
felicidade do instante e a saúde da recuperação um negócio de "corações
aos saltos".
As sentidas razões contra o
abandono na infância marcam, como auroras boreais, ou homens nas cavernas, os
pequenos e grandes seres, de sensibilidades excessivamente impressionáveis. Voa
o tempo, mas este é insuficiente para apagar o tempo que passou e passa, na
inquietude das vivências quotidianas, tais jogos de sedução e de ilusão de
espelhos, mas também com gestos de ternura, e de liberdade da dignidade do
Homem, não é, Ernesto Rodrigues?
Ah, os homens! Esses seres tão
magníficos, cruéis, ternurentos e frios. Egoístas e egocêntricos! Vivemos num
tempo de mim, mim, mim. Falo só de mim, quero-me a mim. É tudo para mim! Que
geração de jovens criámos, a quem demos tanto e nada querem dar? Ensinámos-lhe
que tudo poderiam obter facilmente, sem trabalho, nem responsabilidade? Depois,
no confronto com a realidade da vida, da crise existencial, tudo ainda nos
querem tirar, porque não os ensinámos a viver sem nada. Querem a felicidade que
lhe prometemos e para a qual os orientámos, que agora não existe como modo e
projecto concretizável! Culpa enganosa do singular com origem em plural
ganancioso, que ilude na mira do lucro e do poder, e, nesse consumismo predador!
A sua acção pérfida
continuou, enganando uma donzela, e, que antes, que o obrigassem a casar "pôs-se
ao fresco", para seguir outros caminhos escusos, como o contrabando do
"lápis lazúli". Designado o seu pó afrodisíaco, mas na verdade
produzia sonolência, turbava os sentidos e dissolvia a razão numa anestesia
quotidiana do jovem Salai. Leonardo sofria. Porém, o seu discípulo continuava
nessa vida de fantasia com outros companheiros de jornada e aprendizes na
oficina do Homem, falamos de "Zoroastro" de seu nome Tommaso Giovanni
Massini, ou do cardeal português Dom Miguel da Silva, bispo de Viseu.
Estagiário João Félix
e Deputado João Félix Filostrato em Vila Franca. Seu comício, seguido de entrevista
da estagiária jornalista, Joana, comprada na mira de ter um emprego fixo. Eis
os jogos florais da politica: do comunismo e do capitalismo. Mas entrevistar Deputado
não foi tarefa fácil. Tanto mais que
"Frade Negro" fugia aos cânones do geral, do singular, do esperado. A
publicação da dita entrevista arrasou com a pasmaceira e vendeu. Qual seria o
segredo do "Frade Negro"?
Confrontado com o
envelhecimento visto ao espelho, não só
pelo avançar da idade mas também pela vida nefasta e dissoluta que levava, o
discípulo manipulava os desejos do canhoto , trazendo-lhe outros modelos mais
jovens mas que ele considerava serem inferiores a si próprio. De nada lhe valia
a lavagem da pele com o elixir de bergamota. A sua maldade influenciava a sua
pintura nos rostos que tentava pincelar. Nem a mão que Leonardo lhe pegava e o
guiava no contorno do desenho melhoravam o seu dom criativo. O mestre
orientava-o e amava-o como a um filho, a que este não correspondia. Mesmo com
os castigos incutidos, Salai negava-se a seguir qualquer caminho com seriedade.
Leonardo pedia a todos os demais discípulos para lhe esconderem a droga do
lápis lazúli, pois levaria a oficina à bancarrota.
Mário Cláudio relata prodigiosamente a vida dissoluta do discípulo de
Leonardo da Vinci e as preocupações deste no presente e futuro do jovem drogado.
Quão hoje, são também as preocupações de muitos pais, cujos filhos seguem vidas
de marginalidade e dependências de vária ordem.
O debate da dita lei
revolucionária esperava-se no dia 7 de abril, terça-feira. Que confusão ia por
aquela Assembleia da República (AR), jornais, TVs e pelo País. Agora sim. Agora
todo aquele pessoal ia ouvir, ao fim de 40 anos, o insignificante famoso "Frade
Negro", nesta "babilónica barafunda de interesses, paixões e delírios
que se contrapunham aos valores fundamentais da dita democracia".
Ernesto Rodrigues é magnífico
nesta descrição. Usa o simples linguajar, a complexa gramática, a filosofia grega,
a informática e as "redes sociais". "O medo do
inconseguimento", a linguagem arcaica, gótica, ultramoderna, pós-moderna
da Srª Presidente da AR. Maravilhosa análise crítica! O passado e o presente da
vida política, social e económica do País em páginas de verdadeira hecatombe
crítica do Estado da Nação!
Um discurso de belas
palavras e mais intenções. Uma lição de economia e finanças sobre como gerir as
receitas e as despesas de um Estado. Porque, "Governar é Resistir".
Governar é resistir? Às pressões,
aos hobbies, às manhas de manipulação, às amizades interesseiras, à fraude e
corrupção. É preciso ser tão forte, que nada nem ninguém, nos consiga desviar
do caminho da justiça e do bem da polis, da cidadania. Quão poucos o conseguem!
"Um Discurso e
Pêras", cabendo a palavra em "má ocasião" de situação tão
crítica em que se encontra o País e o Povo, devendo cada um trabalhar mais para
o bem comum, da nação, do que das ambições e vaidades individuais. Essas pugnas de oposição e posição têm sido
infrutíferas e nada de novo trouxeram ao desenvolvimento das economias, à
semelhança de demais Países. Há que aplicar devidamente o crédito como
antecipação do futuro, igualmente não se deve apoiar uma despesa sem se criar a
receita correspondente. Continua o deputado democrata-cristão com o discurso
dirigido à Srª Presidente, referindo que os governos devem trabalhar para
retirar da sua administração todas as despesas, transferindo-as para os
municípios, distritos, iniciativa individual. Descentralização é a palavra
chave. Também é apologista dos partidos regionais que conhecem melhor o seu
território e as suas gentes, criticando neste caso a Constituição que tal não
consente. Depois, a disparidade entre a(s) ilha(s) e as regiões do interior.
Estas, sem parlamento, nem representação suficiente, ao contrário daqueles que
fica(m) mais próximos do núcleo (Lisboa).
A este propósito,
Ousamos,
Povo da Interioridade, tomar para nós essa reflexão, conhecimento e sabedoria,
e, essa luta, na concretização da Justiça? Da Lei. Já que a Lei deve ser Justa.
E o Interior, é País, e o País é um Todo completo. Diferente e Uno. É
Território e é Nação. No contexto do desenvolvimento sustentável de todo o País
e concretamente das regiões do interior, onde começa e acaba a designada
solidariedade nacional ou local? E a nível Europeu onde nos encontramos
inseridos (EU)? Ou a solidariedade é só “em parte” “alguma” e não a totalidade?
Ou a solidariedade é só para aqueles que podem? Poder-se-á chamar de
solidariedade “a ajuda económica e financeira” dos países ricos para com os
países pobres ou em dificuldades se, pelo empréstimo de dinheiro cobram taxas
elevadíssimas em juros? E que dizer da “dependência “dos países europeus
(Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha…) relativamente a Entidades Internacionais
e Europeias (FMI, BCE), face a “politicas de apoio financeiro” se, cobram
nesses “apoios” milhares de euros, defendem as elevadas taxas de juros dos
financiadores e levam os povos à desilusão, à ruína, ou à revolta (silenciosa
ou não), após o seu endividamento, à miséria e à fome? Que alternativas de
soluções e de esperança, têm os políticos e os responsáveis europeus e
mundiais, para apresentar aos Povos neste mundo conturbado e de interesses
económico-financeiros? E agora, com a emigração em massa dos refugiados de
África e Oriente, seres humanos em busca de paz, pão e abrigo? A luta pela
sobrevivência é uma luta feroz para quem nada tem, milhares de seres humanos
que se transferem, como animais da selva em busca de melhores pastagens, assim,
Homens, Mulheres e Crianças, como nós, se movem na ilusão de melhor vida. Em
busca da felicidade!
Entra depois com a crítica do
funcionalismo, do empregado público que rouba braços à indústria e a
agricultura.
Será o sector terciário o ladrão
do primário e do secundário? Pois não cria riqueza e só deles se aproveita? Que
linearidade de visão política! Hoje, vemos numa só empresa, todos os setores em
miscelânea, que se completam: ex: a indústria do vinho do Porto. A criação e
tratamento da vinha, primário, a transformação em vinho e seu engarrafamento,
secundário, e, a sua venda , marketing e turismo enológico, terciário.
Porque "governar
é resistir". Assim, o ensino universitário deve ser pago pelos próprios à
semelhança da Inglaterra.
Neste caso, os filhos dos pobres
e da classe média baixa, nunca chegariam a ter cursos universitários, nem
ascender na escala social, por mais inteligentes que fossem.
Bem assim da beneficência
pública que só deve ser apoiada até começar a iniciativa individual. Gosta
muito de economias. Passando às artes, só se deviam operacionalizar quando
houvesse dinheiro para o efeito.
Isto é, nunca! Pois nunca há
dinheiro suficiente, muito menos para as artes, de forma global.
Haja vontade para se
fazerem economias. Na despesa é só cortar. Não olhar a meios nem a pessoas.
Diminuir o funcionalismo. Nas receitas, aumentar as contribuições para aqueles
que pagam pouco
nem que não tenham nada,
e aqueles que pagam demais
pagarem menos,
apesar de terem muito,
legislando-se se for
necessário. Para o ex-ministro, ora deputado, que perguntou quando teremos
governo? Teremos governo quando se colocarem de lado a política das paixões
partidárias e das prevenções pessoais.
Teremos governo quando "a causa pública deve ser a nossa comum
aspiração". Teremos governo "quando nos inspirarmos nos exemplos de
abnegação, desinteresse e brandura que nos deixaram Passos Manuel e José Estêvão,
e, muitos outros". Teremos governo "quando acabarmos com a injúria e
a calúnia, afastando das cadeiras do poder os homens dignos que as devem
ocupar" até se ir às galés e presídios recrutar os conselheiros da
República. Em suma, quando cumprir a sua missão sabendo "responder às esperanças com actos, às
promessas com medidas práticas e às desilusões de hoje com providências
sensatas, justas, profícuas e dignas do seu país".
Nestes aspectos concordamos, ora.
Mestre e discípulo
transferiram-se para Florença onde novos voos os esperavam, como a
representação da Virgem, aproveitando pois, Leonardo, para o levar à sua terra
natal, Vinci, dando-lhe a conhecer o lugar de Anchiano e lhe relatar as
lembranças da sua feliz infância e de sua mãe Catarina.
Que alegrias não o abrangeriam
nesses momentos por poder partilhar com o discípulo, filho do coração, essas
lembranças da meninice, resgatadas no paradigma da existência simbólica como
ímpares e, jamais vividas?
Em Mântua continuou o seu
trabalho laborioso de retratar sua duquesa. Outubro de 1503, a Signoria
contratou "Leonardo para a ilustração de um fresco ilustrativo da Batalha
de Anghiari, com o qual cobriria uma parede da Sala del Maggior Consiglio no 1º
piso do Palazzo Vecchio", vendo ele um "empreendimento que
asseguraria o futuro do seu protegido". Seguiram-se outras aprendizagens
do discípulo como a participação no voo de uma geringonça construída pelo
mestre que argumenta "Dirão um dia que não conseguimos, mas cada voo a si
mesmo se inventa, e nenhum se repete, partamos pois, meu Filho, para outra viagem,
não há bússola que nos comande, nem universo que nos detenha".
O discurso terminou
com um baque no chão pelo corpo do deputado. Disseram que chegou morto ao
hospital. Aguardava Parlamento a notícia oficial. Que chegaria. Óbito às 18
Horas. Teve minuto de silêncio e uma salva de palmas como nunca teve em 40
anos, este "Frade Negro". 65 anos de vida, boa altura para se
reformar, modelo de "cavalheirismo, ética, discrição e resiliência".
Segue-se uma ironia cómica sobre
a diferente posição / intervenção dos diferentes partidos.
Até que uma deputada
socialista substituta pediu para falar, que comovida nem acabou seu discurso de
defesa de João Félix Filostrato. Mas partiu em táxi, acompanhada de jornalista
para apartamento de discípulo onde contou a sua história de amor. Aliás, de
ambos." Foi amor à terceira vista".
Apenas e só. Coisa pouca, claro?
Porquê então essas memórias de 40 anos? Desse amor recalcado tanto, tanto
tempo?
O economista chefe queria agora
aproveitar-se de deputada substituta.
Continua a intriga neste filme
romântico policial, por desvendar.
Francesco Melzi, de origem
fidalga, chegou para mal dos pecados do aprendiz. No seu trabalho de anatomista
apoia Leonardo na dissecação de cadáveres, tornando-se o único zelador do seu
arquivo. "Um dia, impotentes para
se sobrepor às respectivas fragilidades, Salai ao seu excesso, e Melzi à sua contenção, engalfinharam-se um no
outro, e na margem do Adda". Veio salvar o discípulo dessa rivalidade e
ciumeira o convite recebido pelo amo para ir para Roma fazer maravilhas nos
jardins de Belvedere do papa Giuliano Lorenzo de Médicis, irmão de Leão X.
Assim, começaram os banquetes que Salai adorava frequentar. O 1º aconteceu no
palácio do então embaixador português e futuro cardeal, Dom Miguel da Silva,
onde a decadência do discípulo foi consumada.
Passara uma hora
agitada a ouvir falar de si, interviera, caíra: onde o drama? Devo andar a
água, se quero lucidez. O desemprego não metia medo, enquanto caísse mesada de
pais que há muito não via, talvez felizes, talvez separados. Não saberiam que
já trabalharia, e ganhava bem? Para quê maçá-los com doces afectos?
Pois, para quê? Para quê a
família, as relações familiares, os amores, as paixões, os afectos, a amizade?
Não é tudo isso uma baboseira pegada, para quem não se quer prender a nada e a
ninguém, nesse antissocial comportamento psicopata?
"Uns serzinhos
públicos e políticos não jogavam melhor, pois batiam o lajedo diversas senhoras
de coluna social (com risco de, naqueles saltos eifellicos, estragarem a coluna)
que, de política só gaguejavam " a gente somos", para dizer "nós
somos" e borbulhavam "po-po", não povo, mas popó, jaguar ou
porshe, audis, mercedes e BMW também serviam. Devoravam televisões, e algum
construtor civil".
Aqui Ernesto Rodrigues é mordaz,
devorador, acusador: mulheres ignorantes, de coluna social frequentes, que só
gostam de quem lhes dá boa vida, as leve a passear e tenha guita, isto é, muito
dinheiro, como os construtores civis, profissão que vale milhões.
"O economista
chefe estava a gozar com a minha cara", pensava o estagiário de economia.
O olhar do rei de França,
Francisco I, pousava em Leonardo, mas o de Leão X, vigário de Cristo, descia
sobre Salai.
Coisa banal, não é? Centenas de
anos em pedofilia ou homossexualidade na igreja Católica, e, não só. Neste
livro Mário Cláudio revela-nos a homossexualidade masculina e o lesbianismo
feminismo, tabus que emergem desde há séculos e sempre presentes na história da
humanidade.
Vendo-se preterido perante
Francesco Melzi, agora discípulo amado do mestre, Salai despede-se após 25 anos
decorridos ao seu serviço, com uma bucha de pão e um cantil a tiracolo a
caminho de Florença e depois a Milão onde se iria fixar. Mas Leonardo logo se
apercebeu que Melzi nunca substituiria Salai, o discípulo eterno. Via-o e
sonhava com ele a cada instante, pensando que um dia chegaria e lhe pediria
perdão. De tanto o desejar ver e ter consigo, um dia, enviou-lhe uma oferenda
constituída por um tríplice de víboras embalsamadas em que o seu discípulo
reconheceu o sinal de visitar o eterno protetor. Partiu para a Corte de
Francisco I, visitando de imediato o Mestre, e viu, de facto a simbologia das 3
Graças: Claudine, Alexandrine e Sarasine. Quiz casar com esta, constituir uma
família, ter filhos. Em vão. Nos aposentos de Amboise descobriu a aliança das 3
fêmeas.
Era a vaidade de
supervisor que organizava esta sintaxe. Um deputado e uma jornalista no seu
labirinto. Joana, Nádia, Salomé, um convite a orgia, adiada. "O trio
estava disposto a cumular-se de gozo, e dar-me o que delas tirasse, com o firme
propósito de me sacanear"...eu, o "mais indefinido". Tombou fulminado. Ela percebeu, que gritou,
impondo-se ao líder da bancada, para falar. Que tinha eu a ver com ambos? João Félix Filostrato, deputado, e João Félix
Exposto, economista chefe? Meu pai, este? Avô, aquele? Seria muita
coincidência...
"Giacomo Caprotli,
Salai, ao procurar Sarasine ... " suspendeu por instantes a marcha, e
pôs-se à escuta dos gemidos que se desprendiam de uma alcova onde jamais
penetrara. Ergeu um reposteiro, ajustou a vista à penumbra, e ali estavam elas,
Claudine e Sarasine e Alexandrine, cuspindo num delírio, e até que lhes
escorresse pelo rego das mamas, o veneno que lhes golfava das bocas de víboras
escorregadias e enroscadas no cio sem redenção. " " A cena...
desencadearia em Salai uma espécie de torpor cinzento, vizinho da
desesperança... deu em reparar no corpo do mestre, ali imóvel... o pintor
transformava-se num cadáver desconexo, mercê dos agentes naturais, o calor das
colinas toscanas, o frio do Vale do Loire, e a humidade lacustre que ressumava
dos subterrâneos de Milão. E colara-se-lhe ao rosto uma máscara que só não era
a do azedume da decrepitude, porque a amenizava a curiosidade do sábio, o que
fazia com que o brilho do olhar apenas vagarosamente se despedisse dele".
A deputada assumiu o
compromisso do projeto de lei. "Ela subiria a tal ponto a parada, entre
considerandos sem-sentido, que a indiferença geral o aprovaria, em aplauso ao
defunto, cuja memória assim cristalizava no diário das sessões". Súbito,
numa reviravolta do maior partido da oposição..."Roía-me essa indiferença
do economista-chefe, que adiava a própria vida...". É isto o purgatório.
Tanto mais que o economista estagiário, narrador, continua confuso, indo à
esquadra para interrogatório, saindo com termo de identidade e residência,
prisioneiro, sem saber de quem.
"E achegando-lhe os
lábios ao ouvido, a assumi-lo já como o defunto que resistia a enfrentar, o
eterno discípulo murmurava incentivos e perdões, votos de emenda, e juras de
fidelidade, coisas em que por inteiro desacreditava. Leonardo fingia não
perceber tais gestos, usando da astúcia que tinha por adequada a promover a
regeneração de um filho pródigo assim, não diverso afinal de quantos geramos, e
que, se bem que não expressamente terminam em regra por devorar os próprios
pais". .. E o jovem de antanho, ajustando ao gibão o cinto que o amo
recentemente lhe oferecera, convocava a virilidade que supunha latente no âmago
do seu ser...". Mas no convívio a
que revertera, e aparentemente liquidada a intriga tenebrosa, urdida pelas Três
Graças, aproximara-se do mestre, movido pela coincidência que se estabelecera
entre os dois, e que juntava o fisiológico descalabro do velho de agora à
degradação anímica do rapaz de antigamente.
Ora, concluímos, há
duas Nádias. A terceira, Nídia, vive algures. A deputada do PnCnO esclareceu já
ser mãe de João Félix Exposto (economista chefe), filho de João Félix
Filostrato, "vencido por um amor que, receoso de ver estragada a carreira
política, deitou às urtigas". O remorso não lhe permitiu essa carreira; o
remorso fulminou-o ao revê-la, quarenta anos depois... " A história
repete-se tantas vezes: 21 anos depois,... De longe, Nídia seguia-o, já na
Santa Casa da Misericórdia (pois o convento minguava em almas), em família de
acolhimento, no ensino superior e no desemprego. A avó deputada, que dera os
passos de Nídia, pagava mesada. Fora do sangue, depositavam vingança em Salomé.
Na sua indiferença soberana, o economista precisava de uma lição. Enfim, o
Projeto de Lei seria aprovado na última sessão antes de irem de férias.
"Tanta produção legislativa no derradeiro dia não dignificava a
Assembleia". Projeto este de que ninguém conhece articulado e só interessa
ao banco de investimento. "A regularidade na vitória causa medíocres. Não
há fórmulas, nem segredos. O negócio é estar, acompanhar, viver os dramas e
alegrias da comunidade...". A indefinição das lideranças chocava os
socialistas de gema, por quem a democracia chegara após o feito notável das
armas noutra quinta-feira de Abril" (25 de Abril de 1974).
"Deteve-se diante dos
aposentos do mestre, e entreouviu o hausto de gemidos, pungente e doce, em que
se transforma a respiração dos que acedem aos píncaros da idade. Cinco vezes
beijou ele a madeira da porta, e cinco outras se benzeu. Fugiu por fim à morte
que invadia o que lhe talhara a vida, não como desistem os covardes que não
podem amar, mas como escolhem os heróis que entregaram o coração para além da
caducidade dos dias. Aberta a manhã, montou no último cavalo com que o Homem o
presenteara, e fez-se à estrada da Itália. Conduzia a reboque a mula que
alombava com o alforge onde não ele, mas o rapaz de sempre, metera uma manta,
duas fogaças, e uma botelha de vinho".
O debate de 3ª feira
foi curto "pois havia reuniões marcadas com autarcas e eleitores descidos
da província, coitados, onde encerram escolas, centros de saúde, tribunais e
outros serviços, como furiosa legislação produzem iluminados... intervenção que mandava aqueles às malvas,
coitados, que, de outro modo, teriam de dormir em hotel ou residencial manhosa,
passar a noite em discotecas, perigando a moral da província e seus
"lídimos representantes". A faena seria vitoriosa. Tal como as
imagens que procediam as touradas..."tradição de eras bárbaras não cabia
no quadro de uma civilização respeitadora dos direitos dos animais - e, cada
vez mais, assassina de humanos". E o crime violento? "Dentro deste, o
crime bancário seria um sudário de vilezas". "Deputados que se
limitam ao "Quem me dera" deviam mudar de actividade". Nessa
sessão as intervenções do período de antes da ordem do dia, foram quase todas
em votos de dor e louvor ao companheiro desaparecido, colega ausente, eleito
ilustre, toureiro emérito, ao reformador do discurso político oitocentista. Sem
discussão, nem declarações de voto, foram aprovadas por unanimidade e aclamação
as 6 moções. Seguiu-se um minuto de silêncio. Uma avaria arreliadora não permitiu
a votação electrónica, obrigando cada um a levantar do lugar o fundo bom que em
nós existe, o que seis vezes seguidas, e no esforço (dura mão d'obra) de bater
palmas, causa bastante".
É para rir aqui. Ah! Ah! Este
sentido de humor genial de Ernesto Rodrigues! Bater palmas é trabalho bastante,
cansativo, mão d`obra pesada, e, que
dizer da bela imagem para designar
traseiro: "fundo bom que em nós existe"? Com efeito. Tem muitas
vantagens!
Salai iniciou um torpor
cinzento, desesperante, enquanto o Mestre se transformava em cadáver inútil.
Não quiz assistir à sua decrepitude e voltou para Milão. O velho delirava na
aproximação da morte, continuando a amar este filho pródigo e a dar-lhe lições
de vida. Na agonia da morte foi apoiado por Francisco I, Rei de França e Duque
de Milão, a quem em sua presença chamava "Meu Filho, meu Companheiro, meu
Irmão, meu Eu, meu Tudo", a Salai. Melzi ficaria com quase a totalidade da
sua herança, imaginando-se já inserido na alta nobreza e regalando-se por ficar
para o Discípulo eterno, não mais que metade da hortazinha de Milão. As 3
Graças também sairiam do Palácio, indo juntas habitar uma choupana na floresta,
onde recebiam viajantes ricos e com eles dormiam duas a duas. Nas conversas
delas falavam dos homens, "Todos
iguais, inúteis para o que exceda aquilo que lhes ordenamos". Mas que teria
acontecido ao desgraçado Salai? Tal resposta foi dada por Sarasine, sua
ex-apaixonada, quase noiva: "
Consta que se mostrou em Milão o fantoche que sabemos, frouxo de vontade, e
amante das penumbras em que a razão cede ao alheamento de si própria"... "Casou-se
pelos vistos com uma tal Bianca Calidiroli d`Annono, muito bonita, sensata e
afectuosa, assim a pintam, como se o inteiro mulherio não fosse da nossa laia,
um rebanho de cabras que ora seduzem, ora se entregam, ora traem, ora se
enfurecem, ora cheiram a perfume como as que andam a estas horas na Corte, ora
a ranço como nós nos tempos que vão correndo"... "Quanto ao
mais", finalizaria ela com voz entaramelada, "parece que morreu o
tonto por efeito de um disparo de arcabuz".
Afinal a depravada Sarasine
gostou ou gostava de Salai! Essa voz entaramelada, quase chorosa, pela sua
morte, nessa palavra meiga de "tonto"! Depois, só ela é que seguiu a
sua vida! Do seu casamento? Não demonstrou ciúmes da esposa bela e afectuosa
com que o seu ex-apaixonado se casou? O que diz? Que todas as mulheres são
iguais a ela, e às 3 amigas, irmãs, rebanho de cabras que ora seduzem ou se
entregam, ou traem, enfurecem, quer cheirem a perfume ou a ranço. Cruel, neste
final, Mário Cláudio! Para com as mulheres. Todas as mulheres! Dito por uma
mulher! E que dizer do Discípulo eterno
e querido de Leonardo Da Vinci? Que morreu, como viveu: sem glória e pouca
honra!
A juntar a outros
incómodos, não se cansaram de aplaudir a decisão de encerrar a tarde, que
cavalgava lá fora, num convite, e fossem atrás dela, para alívio de
penitentes". Nesse instante fagueiro, quando fim-de-semana sorri, deu
entrada no plenário João Félix Filostrato ou o "Frade Negro", que
afinal não morrera, pois estava bem vivinho da silva. E logo a Presidente da
AR: "somos um país de gente precipitada". e "numa jogada de
mestre... convidou-o a falar da tribuna", nessa 5ª feira, dia 9 de abril.
Afinal, João Félix Exposto era
filho de João Félix Filostrato e pai de João Félix, e amara uma freira,
Redenção, de nome Nídia. Salomé e Nádia foram presas. E, quando os bons acabam
bem e os maus mal, pelo castigo do destino, tudo acaba bem neste romance quase
policial, quase narrativo, quase dos tempos duma Assembleia oitocentista, de
Ernesto Rodrigues e, esse tal projecto de lei ridículo, que soava a
promiscuidade, corrupção, luvas, fraude fiscal, abuso de confiança, etc, para
arruinar de vez os dois João Félix, o Filostrato e o Exposto, mas quem morreu,
afinal, foi o Deputado da Frente Unida... tal mistério!
Terminamos este breve ensaio
sobre:
"Retrato de Rapaz" Um
discípulo no estúdio de Leonardo da Vinci, Romance, Alfragide, Pub. D.
Quixote, Edição Mª do Rosário Pedreira, 1ª edição, Maio 2014, de Mário Cláudio:
escrita difícil, exigente, laboriosa. Escrita pensada, reflectida. MC não vai
ao sabor do pensamento ou da pena. Filtra. Filtra as palavras. As ideias.
Porque é difícil escrever. É importante saber o que o autor escreve, ter espírito
de tempo e de lugar: trabalhar todos os dias sobre a vida de todos e de cada
um. Abrir horizontes em milhentas viagens e experiências para conhecer, reflectir,
aprender e transmitir.
"Passos Perdidos", Romance, Editora Âncora,
Lisboa, 1ª edição, Dezembro 2014, de Ernesto Rodrigues: criando um modelo de
escrita em que não existem regras gramaticais, pois não são necessárias para um
autor da sua exigência, em causa constantemente, já que não tem de provar nada
a ninguém, a não ser a si próprio no caminho da perfeição contínua. ER reflecte
incessantemente uma arte criativa multifacetada. Escrita culta e irónica da
nossa época moderna, em diálogo e percurso relacional com outras culturas
díspares, próximas e longínquas. Ser escritor é uma missão global para quem o
quer ser.
Boas Leituras, pois.
Maria Idalina Alves de Brito
(Lara de León)
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