25 outubro 2015

Pequeno Ensaio à volta de "RETRATO DE RAPAZ" de Mário Cláudio e de "PASSOS PERDIDOS" de Ernesto Rodrigues, por Lara de León

Inusitadamente leio um e outro e semelhanças surgem: enredo, escrita, discípulos. Retomo leitura, reflexão. Mais escrita e discípulos, talvez. Passa tempo.
Mário Cláudio diz muito em pouco espaço e tudo em tempo reduzido. As palavras querem-se ganhas, contidas, trabalhadas, buriladas em final de pena.
Ernesto Rodrigues enreda ironicamente uma história ficcional em tempos presentes, postos em causa por regime político, dito democrático.
Existe um discípulo.
Num, um pai adoptivo, um mestre, um herói, um ídolo.
Noutro, um pai verdadeiro, (dois pais) que rejeitou a sua existência e vem mais tarde redimir-se de tal acto.
"Retrato de Rapaz" é uma pintura cromática de Leonardo da Vinci, intensa, odorosa, plena de afectos, em miscelânea de decepção, dor e angústia. Mário Cláudio é o Mestre, o Homem.
Ernesto Rodrigues, em "Passos Perdidos" de rebeldia, mediocridade, amorfismo, hipocrisia, vaidade, inveja e maledicência, põe-nos perante um enredo presente de uma realidade nua e crua que transforma em ironia, questionando-nos de forma aspiciente sobre o nosso passado e o nosso presente. Maravilhoso e multifacetado romance!
Cinco séculos é tempo demais? Para quem, se comportamentos humanos semelhantes?
Leonardo, de quem não se conhece qualquer relação amorosa, foi talvez o caso mais famoso de esquerdismo, diz-nos Mário Cláudio citando Sigmund Freud. Porém, o presente herói, é o  discípulo eterno do Mestre, rapaz belo, de rosto bronzeado, cabelos aos caracóis, 10 anos de vida. Modelo e discípulo picado de pulgas no pescoço e a quem nem a lavagem consegue remover o sarro acumulado. Garoto confrontado por umas pupilas azuis do tom das pétalas da pervinca, mestre, amo, pai, amigo, deus, monstro e feiticeiro. Tal mafarrico, Salai, merece mais um par de corninhos do que umas asas de anjo, mas Leonardo mandou talhar-lhe "duas camisas, dois calções e um gibão". Um criado novo para varrer o chão da oficina, que pose para um ou mais desenhos, um catraio e diabrete, a quem foi necessário dar banho, catar os piolhos e ensinar o nome dos bichos da terra.

A Arte da Política (diga-se Furtar com unhas políticas), encerra dois preceitos: o bom para mim e o mau para vós, e, a razão de Estado, pois, não estou seguro, tendo junto de mim quem me faça sombra. Pergunta Ernesto Rodrigues: um jovem político com futuro ou um jovem com futuro na política? Aí está a diferença. Subir a escadaria da Assembleia da República, entrar nela, na sede da democracia, apesar da falência do regime, auscultados por dois lagos azulinos e "seios suspensos, ali na minha cara túmidos de vergonha", no outrora Mosteiro de São Bento da Saúde ou de S. Bento dos Negros. Os Passos Perdidos, obra de artista com história, onde se passeiam vaidades, ódios, rancores, hipocrisias e negociatas. De mão flácida e com cheiro a suor de 3 dias, deputado surge: - Às ordens de Vªs. Exªs., ... "já que para ele os votos são matéria volátil, como a própria vida, ele que se ia candidatar pela 15ª vez em quatro décadas". CEO pronto, oferece os seus humildes préstimos, colocando jovem colaborador ao seu serviço, já que ele não pode surgir mais nesta mistura de negócios, melhor, banco de investimento, com política. Escolha? Defesa da nação há décadas, sem sair "da última fila do hemiciclo", já que o maior perigo vem do próprio partido e das amizades fingidas.

Ladrão e mentiroso, teimoso e ganancioso, discípulo de má sorte, mas a quem a amizade moldou inquebrantável. Era necessário ensinar-lhe a não ser vaidoso, nem arrogante, pelo que a bela vestimenta que lhe mandou fazer, foi destruída, logo que a vestiu. Seguia-o como cachorro, por isso as pessoas pensavam e ofereciam olhares intencionais "insinuando um relacionamento entre eles que talvez fosse preferível deixar por esclarecer". Mas havia verdadeiros discípulos, como um tal Marco d`Oggiono, favorecido por um talento invulgar a quem o Homem "protegia com desvelo superior ao que dedicava aos restantes". Argila, bronze, pincéis, moldes, papéis, lâminas de refracção, tintas, como a vermelha, que continha "clara de ovo, cinza, vinagre, terra, pó de tijolo, alcatrão, óleo de linhaça, terebentina e sebo".

O capitalismo tem de repensar-se perante a penúria de quatro quintos da humanidade. Tal desiderato ocorrido ao aprendiz de economia em entrevista com estagiária de jornalismo, brasileira, de Ipanema, a quem expôs o benefício de escrever artigo sobre determinado deputado. As congeminações financeiras de "não confiar", "antes de mais, evitar ser apanhado em fraude fiscal e abuso de confiança" ou "venha a nós o vosso reino", continuava insidiosamente o aprendiz referindo à estagiária os bons serviços prestados ao jornal, à banca e à democracia, embora ambos não passassem de uma peça de engrenagem, disso tinha consciência. Mas continuava com a lição bem estudada, este nosso herói de 1ª pessoa, em "mandar descobrir qualquer coisa encoberta da vida" do "Frade Negro". E falava do comportamento político desse "Frade Negro" que era nenhum. Ele próprio, que não era "sua opinião, porque não tinha opinião". Na discussão da vida política parecia, a pouco e pouco, esmerar-se, chegando mesmo aos artigos da Constituição da República e ao seu preâmbulo" "abrir caminho para uma sociedade socialista" por que não "abrir caminho para a felicidade".

Não seria mais simples e eficaz? Pois não é o que desejam todos os seres humanos, serem felizes? Como? Cada um à sua maneira! Como conciliar então, interesses tão díspares e visões heterogéneas de felicidade?

O artista e mestre continuava no seu trabalho árduo apoiado pelo seu discípulo, que lhe seguia os passos na preparação de grandes festas de casamento dos nobres de Nápoles. Também o levaria a ceata de atrevido marmorista rico de mãos finas, lisíssimas e ágeis para a idade. Dar-lhe-ia a sua própria mãe como avó, no "Amai-vos, como eu vos amo". Porém, ao aprendiz de nada servia tamanho carinho, já que se tornou o chefe da quadrilha horrenda de monstros, provocando no Homem e em sua mãe Catarina, lágrimas e rezas para afastar tal abismo.

Que paradigmas ousas sonhar e criar Mário Cláudio? Que campos, programas de pesquisa, produção de conhecimentos organizados, sistemáticos, queres actualizar de conceitos e de valores, transformando a filosofia especulativa em filosofia científica? Que forma lógica e rigorosa dessa prática te questiona na uniformização de dizeres que todos os filhos são ingratos perante aqueles que se entregam e dão incondicionalmente?

Não esqueças... há filhos e filhos, e filhas, ( o feminino é fundamental ).

Procuras reforçar uma lógica da confirmação e da teoria da verisimilitude, ou queres entrar na ética da produção científica?

A educação não é aprendizagem de uma visão da realidade, já que esta é múltipla, plural, complexa?

Esta linguagem de cálculo lógico, para se tornar ciência, tem de introduzir factores de realismo na descrição da realidade, o que se refere como objectivo: o que é falso e o que é verdadeiro.

Tudo tem um significado? Um entendimento? Os porquês precisam-se. Porque filhos da mesma mãe e do mesmo pai, têm comportamentos diferentes para com eles? E... geralmente...são aqueles mais amados, mais ingratos...

O comício do deputado democrata cristão em plena 6ª feira da Quaresma, ele tão silencioso? A vida do Parlamento e da geração do nem, nem, nem (nem estuda, nem trabalha, nem emigra) confrontavam-se com a vida do economista estagiário que em 2 dias "já comera aquela estagiária; conhecera este-legislador" e não só... a adjunta e chefe, a secretária do deputado. Em suma, um "comunismo de afectos".

Eis o jovem de hoje que mergulha na solidão do espaço temporal em que se sente perdido, único e só, como um sobrevivente de terramoto surgido em plena noite, e, se questiona o que lhe aconteceu, pela manhã. Que sentido dar a uma vida dedicada ao estudo, a uma licenciatura, um mestrado, um doutoramento? De que lhe serve se, no mercado de trabalho aufere melhor salário um aprendiz de qualquer coisa? Houve / Há escravos em todos os tempos da história da humanidade. Retrocedemos milhares de anos. Os escravos de hoje, são os jovens com habilitações superiores e vencimentos de miséria; são a classe média, a quem lhe tiraram os rendimentos na perspectiva do acesso a casa própria, carro, e, a dignidade para viver; são os idosos, que nada mais podem acrescentar à sua parca reforma para ajudar filhos e netos; são as crianças nascidas e em projecto, porque ainda não é tempo de nascerem, pois os pais não têm pão, nem coragem  para os colocarem neste mundo e os poderem criar; somos todos nós, adultos, que lutámos na esperança de uma vida melhor, passando infâncias atribuladas, mas ricas em valores humanos, e uma juventude em trabalho, suor e lágrimas , com  ilusão a felicidade.

Já jovem, com a idade de 16 anos de ganapo passara, mas não em mentiroso, vaidoso e ladrão. Visitou a família paupérrima em sua terra natal, Oreno, fazendo-se passar por quem não era, montado em ginete que Leonardo lhe emprestara. Mal sucedido na tentativa da conquista da filha do cônsul, Bianca, Giacomo, rebaptizado Salai, não lá voltaria tão cedo. Mas desgosto maior foi quando regressou à Corte Vecchia e ao atelier de Leonardo, pois Catarina, sua 2ª mãe, encontrava-se morta. Mas as acções menos nobres, as comezainas, festas, favores corporais e roubos eram o seu quotidiano, a que Leonardo, por mais que o chamasse à atenção e lhe mostrasse a sua tristeza, o demoviam.

Mas a vida de um jovem economista sem provas dadas, não é fácil. Ele são as bolsas, os fundos de acções, obrigações e derivados, os mercados cambial, monetário, e das matérias primas, o mercado imobiliário, spreads, agências de rating, enfim, o sonho de todos se tornarem ricos. Que dizer da inexistente justiça inteligente e do crescimento de lóbis, que é o mesmo que dizer "insidiosa corrupção "e da maranha de holdings que entontecem qualquer um", e os esquemas de fugas dos impostos pelo "desprezo da humanidade". "Quanto mais estúpido for o candidato, melhor responderá ao elogio". Enfim, "os partidos, sem princípios, perderam há muito a ideologia: urge recuperá-la, e aos princípios". Pois, "a arte suprema é propor lei absurda (do nosso interesse) que os hábeis legisladores tomem por séria" e que os escritórios de advogados mais baralhem. E que dizer da Lacailândia onde "cheirar a sombra de um rico é sorte prodigiosa", como se a riqueza se transmitisse por osmose. Pois, há que intervir em todas as frentes para apanharmos o "Frade Negro", dizia o estagiário. Mas antes, há que desopilar, arejar nesse cafarnaum dos festivais de Verão onde o ruído é superior a "uma dúzia de anões ou acampamento militar" onde se misturam drogas livres, comes e bebes e mais drogas, álcool e prostituição, consentidas pelos seguranças e pela organização desde que não façam estragos, pois a procura é a felicidade do instante e a saúde da recuperação um negócio de "corações aos saltos".

As sentidas razões contra o abandono na infância marcam, como auroras boreais, ou homens nas cavernas, os pequenos e grandes seres, de sensibilidades excessivamente impressionáveis. Voa o tempo, mas este é insuficiente para apagar o tempo que passou e passa, na inquietude das vivências quotidianas, tais jogos de sedução e de ilusão de espelhos, mas também com gestos de ternura, e de liberdade da dignidade do Homem, não é, Ernesto Rodrigues?

Ah, os homens! Esses seres tão magníficos, cruéis, ternurentos e frios. Egoístas e egocêntricos! Vivemos num tempo de mim, mim, mim. Falo só de mim, quero-me a mim. É tudo para mim! Que geração de jovens criámos, a quem demos tanto e nada querem dar? Ensinámos-lhe que tudo poderiam obter facilmente, sem trabalho, nem responsabilidade? Depois, no confronto com a realidade da vida, da crise existencial, tudo ainda nos querem tirar, porque não os ensinámos a viver sem nada. Querem a felicidade que lhe prometemos e para a qual os orientámos, que agora não existe como modo e projecto concretizável! Culpa enganosa do singular com origem em plural ganancioso, que ilude na mira do lucro e do poder, e, nesse consumismo predador!

A sua acção pérfida continuou, enganando uma donzela, e, que antes, que o obrigassem a casar "pôs-se ao fresco", para seguir outros caminhos escusos, como o contrabando do "lápis lazúli". Designado o seu pó afrodisíaco, mas na verdade produzia sonolência, turbava os sentidos e dissolvia a razão numa anestesia quotidiana do jovem Salai. Leonardo sofria. Porém, o seu discípulo continuava nessa vida de fantasia com outros companheiros de jornada e aprendizes na oficina do Homem, falamos de "Zoroastro" de seu nome Tommaso Giovanni Massini, ou do cardeal português Dom Miguel da Silva, bispo de Viseu.

Estagiário João Félix e Deputado João Félix Filostrato em Vila Franca. Seu comício, seguido de entrevista da estagiária jornalista, Joana, comprada na mira de ter um emprego fixo. Eis os jogos florais da politica: do comunismo e do capitalismo. Mas entrevistar Deputado não foi  tarefa fácil. Tanto mais que "Frade Negro" fugia aos cânones do geral, do singular, do esperado. A publicação da dita entrevista arrasou com a pasmaceira e vendeu. Qual seria o segredo do "Frade Negro"?

Confrontado com o envelhecimento visto ao espelho,  não só pelo avançar da idade mas também pela vida nefasta e dissoluta que levava, o discípulo manipulava os desejos do canhoto , trazendo-lhe outros modelos mais jovens mas que ele considerava serem inferiores a si próprio. De nada lhe valia a lavagem da pele com o elixir de bergamota. A sua maldade influenciava a sua pintura nos rostos que tentava pincelar. Nem a mão que Leonardo lhe pegava e o guiava no contorno do desenho melhoravam o seu dom criativo. O mestre orientava-o e amava-o como a um filho, a que este não correspondia. Mesmo com os castigos incutidos, Salai negava-se a seguir qualquer caminho com seriedade. Leonardo pedia a todos os demais discípulos para lhe esconderem a droga do lápis lazúli, pois levaria a oficina à bancarrota.

Mário Cláudio relata prodigiosamente a vida dissoluta do discípulo de Leonardo da Vinci e as preocupações deste no presente e futuro do jovem drogado. Quão hoje, são também as preocupações de muitos pais, cujos filhos seguem vidas de marginalidade e dependências de vária ordem.

O debate da dita lei revolucionária esperava-se no dia 7 de abril, terça-feira. Que confusão ia por aquela Assembleia da República (AR), jornais, TVs e pelo País. Agora sim. Agora todo aquele pessoal ia ouvir, ao fim de 40 anos, o insignificante famoso "Frade Negro", nesta "babilónica barafunda de interesses, paixões e delírios que se contrapunham aos valores fundamentais da dita democracia".

Ernesto Rodrigues é magnífico nesta descrição. Usa o simples linguajar, a complexa gramática, a filosofia grega, a informática e as "redes sociais". "O medo do inconseguimento", a linguagem arcaica, gótica, ultramoderna, pós-moderna da Srª Presidente da AR. Maravilhosa análise crítica! O passado e o presente da vida política, social e económica do País em páginas de verdadeira hecatombe crítica do Estado da Nação!

Um discurso de belas palavras e mais intenções. Uma lição de economia e finanças sobre como gerir as receitas e as despesas de um Estado. Porque, "Governar é Resistir".

Governar é resistir? Às pressões, aos hobbies, às manhas de manipulação, às amizades interesseiras, à fraude e corrupção. É preciso ser tão forte, que nada nem ninguém, nos consiga desviar do caminho da justiça e do bem da polis, da cidadania. Quão poucos o conseguem!

"Um Discurso e Pêras", cabendo a palavra em "má ocasião" de situação tão crítica em que se encontra o País e o Povo, devendo cada um trabalhar mais para o bem comum, da nação, do que das ambições e vaidades individuais.  Essas pugnas de oposição e posição têm sido infrutíferas e nada de novo trouxeram ao desenvolvimento das economias, à semelhança de demais Países. Há que aplicar devidamente o crédito como antecipação do futuro, igualmente não se deve apoiar uma despesa sem se criar a receita correspondente. Continua o deputado democrata-cristão com o discurso dirigido à Srª Presidente, referindo que os governos devem trabalhar para retirar da sua administração todas as despesas, transferindo-as para os municípios, distritos, iniciativa individual. Descentralização é a palavra chave. Também é apologista dos partidos regionais que conhecem melhor o seu território e as suas gentes, criticando neste caso a Constituição que tal não consente. Depois, a disparidade entre a(s) ilha(s) e as regiões do interior. Estas, sem parlamento, nem representação suficiente, ao contrário daqueles que fica(m) mais próximos do núcleo (Lisboa).

A este propósito, Ousamos, Povo da Interioridade, tomar para nós essa reflexão, conhecimento e sabedoria, e, essa luta, na concretização da Justiça? Da Lei. Já que a Lei deve ser Justa. E o Interior, é País, e o País é um Todo completo. Diferente e Uno. É Território e é Nação. No contexto do desenvolvimento sustentável de todo o País e concretamente das regiões do interior, onde começa e acaba a designada solidariedade nacional ou local? E a nível Europeu onde nos encontramos inseridos (EU)? Ou a solidariedade é só “em parte” “alguma” e não a totalidade? Ou a solidariedade é só para aqueles que podem? Poder-se-á chamar de solidariedade “a ajuda económica e financeira” dos países ricos para com os países pobres ou em dificuldades se, pelo empréstimo de dinheiro cobram taxas elevadíssimas em juros? E que dizer da “dependência “dos países europeus (Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha…) relativamente a Entidades Internacionais e Europeias (FMI, BCE), face a “politicas de apoio financeiro” se, cobram nesses “apoios” milhares de euros, defendem as elevadas taxas de juros dos financiadores e levam os povos à desilusão, à ruína, ou à revolta (silenciosa ou não), após o seu endividamento, à miséria e à fome? Que alternativas de soluções e de esperança, têm os políticos e os responsáveis europeus e mundiais, para apresentar aos Povos neste mundo conturbado e de interesses económico-financeiros? E agora, com a emigração em massa dos refugiados de África e Oriente, seres humanos em busca de paz, pão e abrigo? A luta pela sobrevivência é uma luta feroz para quem nada tem, milhares de seres humanos que se transferem, como animais da selva em busca de melhores pastagens, assim, Homens, Mulheres e Crianças, como nós, se movem na ilusão de melhor vida. Em busca da felicidade!

Entra depois com a crítica do funcionalismo, do empregado público que rouba braços à indústria e a agricultura.

Será o sector terciário o ladrão do primário e do secundário? Pois não cria riqueza e só deles se aproveita? Que linearidade de visão política! Hoje, vemos numa só empresa, todos os setores em miscelânea, que se completam: ex: a indústria do vinho do Porto. A criação e tratamento da vinha, primário, a transformação em vinho e seu engarrafamento, secundário, e, a sua venda , marketing e turismo enológico, terciário.

Porque "governar é resistir". Assim, o ensino universitário deve ser pago pelos próprios à semelhança da Inglaterra.

Neste caso, os filhos dos pobres e da classe média baixa, nunca chegariam a ter cursos universitários, nem ascender na escala social, por mais inteligentes que fossem.

Bem assim da beneficência pública que só deve ser apoiada até começar a iniciativa individual. Gosta muito de economias. Passando às artes, só se deviam operacionalizar quando houvesse dinheiro para o efeito.

Isto é, nunca! Pois nunca há dinheiro suficiente, muito menos para as artes, de forma global.

Haja vontade para se fazerem economias. Na despesa é só cortar. Não olhar a meios nem a pessoas. Diminuir o funcionalismo. Nas receitas, aumentar as contribuições para aqueles que pagam pouco

nem que não tenham nada,

 e aqueles que pagam demais pagarem menos,

apesar de terem muito,

legislando-se se for necessário. Para o ex-ministro, ora deputado, que perguntou quando teremos governo? Teremos governo quando se colocarem de lado a política das paixões partidárias e das prevenções pessoais.  Teremos governo quando "a causa pública deve ser a nossa comum aspiração". Teremos governo "quando nos inspirarmos nos exemplos de abnegação, desinteresse e brandura que nos deixaram Passos Manuel e José Estêvão, e, muitos outros". Teremos governo "quando acabarmos com a injúria e a calúnia, afastando das cadeiras do poder os homens dignos que as devem ocupar" até se ir às galés e presídios recrutar os conselheiros da República. Em suma, quando cumprir a sua missão sabendo  "responder às esperanças com actos, às promessas com medidas práticas e às desilusões de hoje com providências sensatas, justas, profícuas e dignas do seu país".

Nestes aspectos concordamos, ora.

Mestre e discípulo transferiram-se para Florença onde novos voos os esperavam, como a representação da Virgem, aproveitando pois, Leonardo, para o levar à sua terra natal, Vinci, dando-lhe a conhecer o lugar de Anchiano e lhe relatar as lembranças da sua feliz infância e de sua mãe Catarina.

Que alegrias não o abrangeriam nesses momentos por poder partilhar com o discípulo, filho do coração, essas lembranças da meninice, resgatadas no paradigma da existência simbólica como ímpares e, jamais vividas?

Em Mântua continuou o seu trabalho laborioso de retratar sua duquesa. Outubro de 1503, a Signoria contratou "Leonardo para a ilustração de um fresco ilustrativo da Batalha de Anghiari, com o qual cobriria uma parede da Sala del Maggior Consiglio no 1º piso do Palazzo Vecchio", vendo ele um "empreendimento que asseguraria o futuro do seu protegido". Seguiram-se outras aprendizagens do discípulo como a participação no voo de uma geringonça construída pelo mestre que argumenta "Dirão um dia que não conseguimos, mas cada voo a si mesmo se inventa, e nenhum se repete, partamos pois, meu Filho, para outra viagem, não há bússola que nos comande, nem universo que nos detenha".

O discurso terminou com um baque no chão pelo corpo do deputado. Disseram que chegou morto ao hospital. Aguardava Parlamento a notícia oficial. Que chegaria. Óbito às 18 Horas. Teve minuto de silêncio e uma salva de palmas como nunca teve em 40 anos, este "Frade Negro". 65 anos de vida, boa altura para se reformar, modelo de "cavalheirismo, ética, discrição e resiliência".

Segue-se uma ironia cómica sobre a diferente posição / intervenção dos diferentes partidos.

Até que uma deputada socialista substituta pediu para falar, que comovida nem acabou seu discurso de defesa de João Félix Filostrato. Mas partiu em táxi, acompanhada de jornalista para apartamento de discípulo onde contou a sua história de amor. Aliás, de ambos." Foi amor à terceira vista".

Apenas e só. Coisa pouca, claro? Porquê então essas memórias de 40 anos? Desse amor recalcado tanto, tanto tempo?

O economista chefe queria agora aproveitar-se de deputada substituta.

Continua a intriga neste filme romântico policial, por desvendar.

Francesco Melzi, de origem fidalga, chegou para mal dos pecados do aprendiz. No seu trabalho de anatomista apoia Leonardo na dissecação de cadáveres, tornando-se o único zelador do seu arquivo.  "Um dia, impotentes para se sobrepor às respectivas fragilidades, Salai ao seu excesso, e Melzi  à sua contenção, engalfinharam-se um no outro, e na margem do Adda". Veio salvar o discípulo dessa rivalidade e ciumeira o convite recebido pelo amo para ir para Roma fazer maravilhas nos jardins de Belvedere do papa Giuliano Lorenzo de Médicis, irmão de Leão X. Assim, começaram os banquetes que Salai adorava frequentar. O 1º aconteceu no palácio do então embaixador português e futuro cardeal, Dom Miguel da Silva, onde a decadência do discípulo foi consumada.

Passara uma hora agitada a ouvir falar de si, interviera, caíra: onde o drama? Devo andar a água, se quero lucidez. O desemprego não metia medo, enquanto caísse mesada de pais que há muito não via, talvez felizes, talvez separados. Não saberiam que já trabalharia, e ganhava bem? Para quê maçá-los com doces afectos?

Pois, para quê? Para quê a família, as relações familiares, os amores, as paixões, os afectos, a amizade? Não é tudo isso uma baboseira pegada, para quem não se quer prender a nada e a ninguém, nesse antissocial comportamento psicopata?

"Uns serzinhos públicos e políticos não jogavam melhor, pois batiam o lajedo diversas senhoras de coluna social (com risco de, naqueles saltos eifellicos, estragarem a coluna) que, de política só gaguejavam " a gente somos", para dizer "nós somos" e borbulhavam "po-po", não povo, mas popó, jaguar ou porshe, audis, mercedes e BMW também serviam. Devoravam televisões, e algum construtor civil".

Aqui Ernesto Rodrigues é mordaz, devorador, acusador: mulheres ignorantes, de coluna social frequentes, que só gostam de quem lhes dá boa vida, as leve a passear e tenha guita, isto é, muito dinheiro, como os construtores civis, profissão que vale milhões.

"O economista chefe estava a gozar com a minha cara", pensava o estagiário de economia.

O olhar do rei de França, Francisco I, pousava em Leonardo, mas o de Leão X, vigário de Cristo, descia sobre Salai.

Coisa banal, não é? Centenas de anos em pedofilia ou homossexualidade na igreja Católica, e, não só. Neste livro Mário Cláudio revela-nos a homossexualidade masculina e o lesbianismo feminismo, tabus que emergem desde há séculos e sempre presentes na história da humanidade.

Vendo-se preterido perante Francesco Melzi, agora discípulo amado do mestre, Salai despede-se após 25 anos decorridos ao seu serviço, com uma bucha de pão e um cantil a tiracolo a caminho de Florença e depois a Milão onde se iria fixar. Mas Leonardo logo se apercebeu que Melzi nunca substituiria Salai, o discípulo eterno. Via-o e sonhava com ele a cada instante, pensando que um dia chegaria e lhe pediria perdão. De tanto o desejar ver e ter consigo, um dia, enviou-lhe uma oferenda constituída por um tríplice de víboras embalsamadas em que o seu discípulo reconheceu o sinal de visitar o eterno protetor. Partiu para a Corte de Francisco I, visitando de imediato o Mestre, e viu, de facto a simbologia das 3 Graças: Claudine, Alexandrine e Sarasine. Quiz casar com esta, constituir uma família, ter filhos. Em vão. Nos aposentos de Amboise descobriu a aliança das 3 fêmeas.

Era a vaidade de supervisor que organizava esta sintaxe. Um deputado e uma jornalista no seu labirinto. Joana, Nádia, Salomé, um convite a orgia, adiada. "O trio estava disposto a cumular-se de gozo, e dar-me o que delas tirasse, com o firme propósito de me sacanear"...eu, o "mais indefinido".  Tombou fulminado. Ela percebeu, que gritou, impondo-se ao líder da bancada, para falar. Que tinha eu a ver com ambos?  João Félix Filostrato, deputado, e João Félix Exposto, economista chefe? Meu pai, este? Avô, aquele? Seria muita coincidência...

"Giacomo Caprotli, Salai, ao procurar Sarasine ... " suspendeu por instantes a marcha, e pôs-se à escuta dos gemidos que se desprendiam de uma alcova onde jamais penetrara. Ergeu um reposteiro, ajustou a vista à penumbra, e ali estavam elas, Claudine e Sarasine e Alexandrine, cuspindo num delírio, e até que lhes escorresse pelo rego das mamas, o veneno que lhes golfava das bocas de víboras escorregadias e enroscadas no cio sem redenção. " " A cena... desencadearia em Salai uma espécie de torpor cinzento, vizinho da desesperança... deu em reparar no corpo do mestre, ali imóvel... o pintor transformava-se num cadáver desconexo, mercê dos agentes naturais, o calor das colinas toscanas, o frio do Vale do Loire, e a humidade lacustre que ressumava dos subterrâneos de Milão. E colara-se-lhe ao rosto uma máscara que só não era a do azedume da decrepitude, porque a amenizava a curiosidade do sábio, o que fazia com que o brilho do olhar apenas vagarosamente se despedisse dele".

A deputada assumiu o compromisso do projeto de lei. "Ela subiria a tal ponto a parada, entre considerandos sem-sentido, que a indiferença geral o aprovaria, em aplauso ao defunto, cuja memória assim cristalizava no diário das sessões". Súbito, numa reviravolta do maior partido da oposição..."Roía-me essa indiferença do economista-chefe, que adiava a própria vida...". É isto o purgatório. Tanto mais que o economista estagiário, narrador, continua confuso, indo à esquadra para interrogatório, saindo com termo de identidade e residência, prisioneiro, sem saber de quem.

"E achegando-lhe os lábios ao ouvido, a assumi-lo já como o defunto que resistia a enfrentar, o eterno discípulo murmurava incentivos e perdões, votos de emenda, e juras de fidelidade, coisas em que por inteiro desacreditava. Leonardo fingia não perceber tais gestos, usando da astúcia que tinha por adequada a promover a regeneração de um filho pródigo assim, não diverso afinal de quantos geramos, e que, se bem que não expressamente terminam em regra por devorar os próprios pais". .. E o jovem de antanho, ajustando ao gibão o cinto que o amo recentemente lhe oferecera, convocava a virilidade que supunha latente no âmago do seu ser...".  Mas no convívio a que revertera, e aparentemente liquidada a intriga tenebrosa, urdida pelas Três Graças, aproximara-se do mestre, movido pela coincidência que se estabelecera entre os dois, e que juntava o fisiológico descalabro do velho de agora à degradação anímica do rapaz de antigamente.

Ora, concluímos, há duas Nádias. A terceira, Nídia, vive algures. A deputada do PnCnO esclareceu já ser mãe de João Félix Exposto (economista chefe), filho de João Félix Filostrato, "vencido por um amor que, receoso de ver estragada a carreira política, deitou às urtigas". O remorso não lhe permitiu essa carreira; o remorso fulminou-o ao revê-la, quarenta anos depois... " A história repete-se tantas vezes: 21 anos depois,... De longe, Nídia seguia-o, já na Santa Casa da Misericórdia (pois o convento minguava em almas), em família de acolhimento, no ensino superior e no desemprego. A avó deputada, que dera os passos de Nídia, pagava mesada. Fora do sangue, depositavam vingança em Salomé. Na sua indiferença soberana, o economista precisava de uma lição. Enfim, o Projeto de Lei seria aprovado na última sessão antes de irem de férias. "Tanta produção legislativa no derradeiro dia não dignificava a Assembleia". Projeto este de que ninguém conhece articulado e só interessa ao banco de investimento. "A regularidade na vitória causa medíocres. Não há fórmulas, nem segredos. O negócio é estar, acompanhar, viver os dramas e alegrias da comunidade...". A indefinição das lideranças chocava os socialistas de gema, por quem a democracia chegara após o feito notável das armas noutra quinta-feira de Abril" (25 de Abril de 1974).

"Deteve-se diante dos aposentos do mestre, e entreouviu o hausto de gemidos, pungente e doce, em que se transforma a respiração dos que acedem aos píncaros da idade. Cinco vezes beijou ele a madeira da porta, e cinco outras se benzeu. Fugiu por fim à morte que invadia o que lhe talhara a vida, não como desistem os covardes que não podem amar, mas como escolhem os heróis que entregaram o coração para além da caducidade dos dias. Aberta a manhã, montou no último cavalo com que o Homem o presenteara, e fez-se à estrada da Itália. Conduzia a reboque a mula que alombava com o alforge onde não ele, mas o rapaz de sempre, metera uma manta, duas fogaças, e uma botelha de vinho".

O debate de 3ª feira foi curto "pois havia reuniões marcadas com autarcas e eleitores descidos da província, coitados, onde encerram escolas, centros de saúde, tribunais e outros serviços, como furiosa legislação produzem iluminados...  intervenção que mandava aqueles às malvas, coitados, que, de outro modo, teriam de dormir em hotel ou residencial manhosa, passar a noite em discotecas, perigando a moral da província e seus "lídimos representantes". A faena seria vitoriosa. Tal como as imagens que procediam as touradas..."tradição de eras bárbaras não cabia no quadro de uma civilização respeitadora dos direitos dos animais - e, cada vez mais, assassina de humanos". E o crime violento? "Dentro deste, o crime bancário seria um sudário de vilezas". "Deputados que se limitam ao "Quem me dera" deviam mudar de actividade". Nessa sessão as intervenções do período de antes da ordem do dia, foram quase todas em votos de dor e louvor ao companheiro desaparecido, colega ausente, eleito ilustre, toureiro emérito, ao reformador do discurso político oitocentista. Sem discussão, nem declarações de voto, foram aprovadas por unanimidade e aclamação as 6 moções. Seguiu-se um minuto de silêncio. Uma avaria arreliadora não permitiu a votação electrónica, obrigando cada um a levantar do lugar o fundo bom que em nós existe, o que seis vezes seguidas, e no esforço (dura mão d'obra) de bater palmas, causa bastante".

É para rir aqui. Ah! Ah! Este sentido de humor genial de Ernesto Rodrigues! Bater palmas é trabalho bastante, cansativo, mão d`obra pesada,  e, que dizer da  bela imagem para designar traseiro: "fundo bom que em nós existe"? Com efeito. Tem muitas vantagens!

Salai iniciou um torpor cinzento, desesperante, enquanto o Mestre se transformava em cadáver inútil. Não quiz assistir à sua decrepitude e voltou para Milão. O velho delirava na aproximação da morte, continuando a amar este filho pródigo e a dar-lhe lições de vida. Na agonia da morte foi apoiado por Francisco I, Rei de França e Duque de Milão, a quem em sua presença chamava "Meu Filho, meu Companheiro, meu Irmão, meu Eu, meu Tudo", a Salai. Melzi ficaria com quase a totalidade da sua herança, imaginando-se já inserido na alta nobreza e regalando-se por ficar para o Discípulo eterno, não mais que metade da hortazinha de Milão. As 3 Graças também sairiam do Palácio, indo juntas habitar uma choupana na floresta, onde recebiam viajantes ricos e com eles dormiam duas a duas. Nas conversas delas falavam dos homens,  "Todos iguais, inúteis para o que exceda aquilo que lhes ordenamos". Mas que teria acontecido ao desgraçado Salai? Tal resposta foi dada por Sarasine, sua ex-apaixonada, quase noiva:  " Consta que se mostrou em Milão o fantoche que sabemos, frouxo de vontade, e amante das penumbras em que a razão cede ao alheamento de si própria"... "Casou-se pelos vistos com uma tal Bianca Calidiroli d`Annono, muito bonita, sensata e afectuosa, assim a pintam, como se o inteiro mulherio não fosse da nossa laia, um rebanho de cabras que ora seduzem, ora se entregam, ora traem, ora se enfurecem, ora cheiram a perfume como as que andam a estas horas na Corte, ora a ranço como nós nos tempos que vão correndo"... "Quanto ao mais", finalizaria ela com voz entaramelada, "parece que morreu o tonto por efeito de um disparo de arcabuz".

Afinal a depravada Sarasine gostou ou gostava de Salai! Essa voz entaramelada, quase chorosa, pela sua morte, nessa palavra meiga de "tonto"! Depois, só ela é que seguiu a sua vida! Do seu casamento? Não demonstrou ciúmes da esposa bela e afectuosa com que o seu ex-apaixonado se casou? O que diz? Que todas as mulheres são iguais a ela, e às 3 amigas, irmãs, rebanho de cabras que ora seduzem ou se entregam, ou traem, enfurecem, quer cheirem a perfume ou a ranço. Cruel, neste final, Mário Cláudio! Para com as mulheres. Todas as mulheres! Dito por uma mulher!  E que dizer do Discípulo eterno e querido de Leonardo Da Vinci? Que morreu, como viveu: sem glória e pouca honra!

A juntar a outros incómodos, não se cansaram de aplaudir a decisão de encerrar a tarde, que cavalgava lá fora, num convite, e fossem atrás dela, para alívio de penitentes". Nesse instante fagueiro, quando fim-de-semana sorri, deu entrada no plenário João Félix Filostrato ou o "Frade Negro", que afinal não morrera, pois estava bem vivinho da silva. E logo a Presidente da AR: "somos um país de gente precipitada". e "numa jogada de mestre... convidou-o a falar da tribuna", nessa 5ª feira, dia 9 de abril.

Afinal, João Félix Exposto era filho de João Félix Filostrato e pai de João Félix, e amara uma freira, Redenção, de nome Nídia. Salomé e Nádia foram presas. E, quando os bons acabam bem e os maus mal, pelo castigo do destino, tudo acaba bem neste romance quase policial, quase narrativo, quase dos tempos duma Assembleia oitocentista, de Ernesto Rodrigues e, esse tal projecto de lei ridículo, que soava a promiscuidade, corrupção, luvas, fraude fiscal, abuso de confiança, etc, para arruinar de vez os dois João Félix, o Filostrato e o Exposto, mas quem morreu, afinal, foi o Deputado da Frente Unida... tal mistério!
Terminamos este breve ensaio sobre:

"Retrato de Rapaz" Um discípulo no estúdio de Leonardo da Vinci, Romance, Alfragide, Pub. D. Quixote, Edição Mª do Rosário Pedreira, 1ª edição, Maio 2014, de Mário Cláudio: escrita difícil, exigente, laboriosa. Escrita pensada, reflectida. MC não vai ao sabor do pensamento ou da pena. Filtra. Filtra as palavras. As ideias. Porque é difícil escrever. É importante saber o que o autor escreve, ter espírito de tempo e de lugar: trabalhar todos os dias sobre a vida de todos e de cada um. Abrir horizontes em milhentas viagens e experiências para conhecer, reflectir, aprender e transmitir.

"Passos Perdidos", Romance, Editora Âncora, Lisboa, 1ª edição, Dezembro 2014, de Ernesto Rodrigues: criando um modelo de escrita em que não existem regras gramaticais, pois não são necessárias para um autor da sua exigência, em causa constantemente, já que não tem de provar nada a ninguém, a não ser a si próprio no caminho da perfeição contínua. ER reflecte incessantemente uma arte criativa multifacetada. Escrita culta e irónica da nossa época moderna, em diálogo e percurso relacional com outras culturas díspares, próximas e longínquas. Ser escritor é uma missão global para quem o quer ser.

Boas Leituras, pois.

 Bragança, 2015

Maria Idalina Alves de Brito

(Lara de León)

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