25 julho 2011

APESAR DO VENTO


[Publicamos de seguida o belo texto que a Mara e o Marcolino Cepeda nos enviaram, com o convite renovado para partcipar no blogue que acabaram de lançar
http://nordestecomcarinho.blogspot.com/]



Apesar do vento, Bragança acordou hoje cheia de sol e de calor. Tudo convidava a um passeio sem horas. Nada de pressas, apenas o embeber a alma na natureza, sempre tão pródiga em pequenos e grandes detalhes, em belas paisagens, em perfumes simples e naturais.  
Podemos apreciar o belo azul do céu, o mais belo azul do mundo inteiro. Quem me dera poder transportar nos olhos este azul para onde fosse, mesmo que a alma e o coração estejam tristes e enevoados. Mesmo que a chuva caia insistentemente qual garoa paulistana, tão aniquiladoramente frustrante, como o sonho mais íntimo que não conseguimos realizar.
Trás-os-Montes brilha em todo o seu esplendor. Começamos a receber os imigrantes que por este mundo labutam sem nunca esquecerem a terra que os viu nascer.
Pertencemos ao sítio onde pela primeira vez o oxigénio nos feriu os pulmões ou onde involuntariamente emitimos o nosso primeiro vagido. É qualquer coisa inexplicável. Pode ser que a genética explique… Faz parte de quem teve a sorte ou o azar de aqui iniciar uma vida.
O nosso desejo é que este sentimento incompreensível que nos faz regressar sempre que a vida no-lo permite, possa, de alguma forma, repercutir-se a bem da nossa região.
O que nos move, a mim e ao Marcolino, é esse sentir. Foi por esse pressentimento que eu atravessei o Oceano Atlântico, não porque não fosse feliz em S. Paulo, mas porque estava escrito que era aqui que deveria estar.
Este blogue é um pequeno grão de areia neste mar imenso de meios ao nosso alcance para divulgar ideias, pessoas, actividades que nos obriguem a falar de Trás-os-Montes.
A generalidade das pessoas tendem a atribuir maior importância ao que é “estrangeiro” (entenda-se: “Santos da terra não fazem milagres”) esquecendo-se do que de melhor existe, à distância de um olhar, de uma leitura atenta, de uma tertúlia entre amigos pela madrugada fora, onde nos falam de conterrâneos que realizaram/realizam feitos verdadeiramente excecionais.   
Então, nasce a ideia de divulgar estas pessoas e os seus feitos. Muitos contactos realizados, alguns convites declinados, alguns quilómetros calcorreados em prol de uma ou outra entrevista, surgiu o programa de rádio.
Alguma pesquisa, alguma insistência, conseguimos reunir os dados necessários para estruturar a coluna vertebral do projecto.
Fizemo-lo. Foi para o ar e em oitenta e duas semanas tivemos o prazer de conhecer pessoas absolutamente fantásticas, cada uma com as suas características e particularidades, actividades e ofícios, sonhos realizados e por realizar com as quais aprendemos muito. Estas, pouco mais de oitenta, conversas dividiram-se por um período de três anos e de acordo com a programação da RBA.
Tentámos publicar em livro todo o material daí advindo mas não conseguimos que se concretizasse, por falha nossa, talvez. Ficámos incomodados. Tínhamos material de excelência que não podia ficar na gaveta.
Há momentos de alguma iluminação e, lembrei-me de que o poderíamos divulgar com a utilização das novas tecnologias da comunicação. Se bem pensado, melhor concretizado.
Aqui estamos e o que mais desejamos é atrair muitas pessoas para a nossa causa: a defesa da nossa região; a divulgação das suas potencialidades; o surgimento de ideias em prol do desenvolvimento. Enfim, gerar um fórum de discussão onde todos possam participar e colaborar para o bem comum de Trás-os-Montes.
Este é o sonho que nos move.

Mara e Marcolino Cepeda
Bragança, 24 de Julho de 2011   




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