06 março 2019

Homenagem a Eugénia Neto


No dia 28 de fevereiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o Município de Montalegre, em parceria com a Academia de Letras de Trás-os-Montes e com a Academia Galega da Língua Portuguesa, homenagearam Maria Eugénia Neto, nascida em 1934, em Montalegre, casada com o antigo presidente angolano, Agostinho Neto, e detentora de uma vasta obra publicada. Para além de diversas entidades civis e religiosas locais, destaca-se a presença do adido cultural da Embaixada da República de Angola em representação do Senhor Embaixador e do vice-cônsul de Angola no Porto.
A sessão foi aberta com a leitura de um poema de Agostinho Neto, seguindo-se a intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Montalegre, Orlando Alves, que rendeu homenagem a uma “filha da terra”, apelidando-a de “Mãe de Angola” e elogiando o exemplo de mulher barrosã, que se fez por si própria a ajudou a construir uma nação.
Seguidamente, teve a palavra o associado da Academia, António Chaves, que manifestou a grande alegria em poder participar e estar na origem desta homenagem, juntamente com o amigo Barroso da Fonte, que propôs ao município, que rapidamente acedeu a tal propósito. Lembrou os tempos difíceis da guerra e da importância da determinação da homenageada ao longo de períodos mais conturbados. Esta vinda foi, igualmente, motivo para o reencontro entre a homenageada e uma amiga de infância, separadas há 80 anos.
A Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, Assunção Anes Morais, referiu a importância do momento, uma vez que a escritora veio à sua terra natal. Relatou que dois associados, os barrosões António Chaves e Barroso da Fonte, propuseram o nome de Eugénia Neto para sócia honorária da Academia de Letras de Trás-os-Montes, em fevereiro de 2017. E este era o momento para homenagear a escritora, a poetisa, a filha da terra e a mulher de armas que se manifestou ao longo dos anos. É a prova de que os barrosões e as barrosãs têm uma atividade literária fundamental, levando o nome de Barroso e a da região de Trás-os-Montes a outras terras. Neste caso a Angola. Fez, ainda, uma breve referência à obra de Eugénia Neto, que se encontra traduzida em várias línguas, destacando a poesia, as cartas e os livros de literatura infantojuvenil. Terminou, deixando a mensagem que a melhor forma de conhecer um escritor é lendo as suas obras, fazendo o apelo à leitura da homenageada.
O momento seguinte teve a intervenção de Ângelo Cristóvão, vice-presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa, que manifestou a importância que esta Academia tem relativamente à herança de uma tradição que reconhece a vontade de independência e autonomia cultural de Angola. Nesta linha, fez todo o sentido a sua presença nesta homenagem da lusofonia.
Finalmente, teve a palavra a homenageada, Maria Eugénia Neto, verdadeiramente emocionada com todos os momentos, destacando o contacto com os barrosões, o reviver a terra natal, os amigos e vizinhos de infância. Agradeceu todo o acolhimento recebido, recordou os recantos do barroso, da sua paisagem e de locais de inspiração. Propôs uma geminação entre Montalegre e a vila de Kaxicane, concelho de Icolo e Bengo, distrito de Luanda, terra natal do falecido marido, Primeiro Presidente da República Popular de Angola. Fez, também, referência à Fundação Dr. António Agostinho Neto, na qual é presidente, e que terá todo o interesse em identificar áreas de colaboração cultural, educativa, artística ou científica.
A sessão teve como desfecho a audição de poemas como “As cinco Guerrelheiras” e “Soubéssemos nós dizer”, de Eugénia Neto, ditos pela voz de Odete Ferreira, membro da Direção da Academia de Letras de Trás-os-Montes e do poema “Havemos de voltar”, de Agostinho Neto, pela voz de Gorete Afonso, Diretora da Biblioteca Municipal.
No final, o Presidente da Câmara Municipal de Montalegre e a Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes ofereceram alguns livros à homenageada Maria Eugénia Neto, que, por sua vez, ofertou uma estatueta de madeira do pensador, símbolo cultural angolano e diversos livros da FAAN à Câmara Municipal e à Biblioteca Municipal de Montalegre. Recebeu, por parte da Academia, o diploma de sócia honorária e o Presidente da Câmara ofereceu a medalha de ouro do concelho.

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