25 de AGOSTO de 2015
Completa-se hoje um ano sobre a data em que Bento da Cruz
deixou corporeamente este mundo. Apenas corporeamente, porque no mais continua
luminosamente nos nossos corações.
O génio de Torga soube encontrar as palavras certas para
exprimir a sua homenagem ao grande poeta Garcia Lorca. Pedimos-lhas, de
empréstimo, para evocar também hoje, este
grande transmontano e amigo comum:
“FREDERICO GARCIA LORCA”
Garcia Lorca Sou
eu,
mais uma vez
Venho negar à
humana condição
A humana
pequenez
Da ingratidão …
Venho e virei
enquanto houver poesia
Povo e sonho na
Ibéria
Venho e virei à
tua romaria
Oferecer-te a
miséria
Duma oração lusíada e
sombria
Venho, talefe branco da Nevada,
Filho novo de
Espanha !
Venho, e não
digas nada;
Deixa um pobre poeta da montanha
Trazer torgas à
rosa de Granada !
Indomável
cigano
Dos caminhos
do tempo e da ventura
Sensual e profano,
O teu génio
floresce cada ano…
Venho ver-te
crescer da sepultura!
Bruxo das trevas onde alguém te quis,
Nelas arde a paixão do que escreveste!
Sete palmos de
terra, e nenhum diz
Que secou a
raiz,
Que partiste ou
morreste
Uma luz que é o aceno da verdade
Abre-se onde os teus versos vão abrindo
A
eternidade,
Na pureza da
sua claridade,
Sobre o teu
nome, universal, caindo…
(MIGUEL TORGA, Poemas
Ibéricos, Coimbra, 3ª ed., 1985, pp.68-9)
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