Breve síntese do caminho percorrido
A Academia de Letras de Trás-os-Montes teve registo de
nascimento em 12 de Junho de 2010, com domicílio na Sede do Centro Cultural
Municipal Adriano Moreira, cidade de Bragança. É agora
uma robusta criança com cinco anos de idade.
Tem múltiplos, bons e dedicados padrinhos que a acarinharam
desde a primeira hora.
Amadeu Ferreira, saudoso amigo e Presidente da Comissão
Instaladora justificou assim a iniciativa na sessão que oficializou o
nascimento da Academia: «é uma forma de reafirmar as identidades que temos que
são, no fundo, a nossa salvação». Por sua vez, Adriano Moreira salientou a
propósito que «nos momentos de crise o recurso às identidades aparece como fundamental».
Por isso, «esta academia inscreve-se na consciência de que esse é o facto». «O
que está em crise na Europa e em Portugal é o Estado e não a identidade. E são
as identidades que precisam de ser defendidas porque são a pedra de base para a
reorganização de que precisamos».
Por outro lado, os documentos escritos são suportes visíveis
que explicam o abstrato, enquanto a palavra escrita tende a inspirar um
sentimento apreciado.
Ficam assim claros como a água, os princípios inspiradores
que guiaram e hão-de continuar a iluminar o nosso caminho.
Embora sediada em
Bragança, ficou desde logo explícita a intenção de acolher todos escritores de
Trás-os-Montes ou sobre temática ligada à região. É a segunda do género,
inscrita na Academia de Ciências de Lisboa.
Ao cumprir as primeiras e decisivas cinco primaveras de vida
acolhe já a participação de 110 escritores e um naipe considerável de sócios
honorários.
Triénio 2010 -2013
A Instituição entrou em funcionamento
regular em 5 de Outubro de 2010, uma vez constituídos os primeiros corpos
gerentes.
Adriano Moreira foi eleito Presidente Honorário da Academia.
Os restantes órgãos ficaram assim estabelecidos:
Assembleia Geral
António M. Pires Cabral
Fernando Calado
Maria da Assunção
Anes Morais
Direção
Ernesto Rodrigues
Fernando de Castro
Branco
Amadeu Ferreira
Manuel Cardoso
Maria Hercília Agarez
Conselho Fiscal
Rogério Rodrigues
Idalina Brito
Alfredo Cameirão
No decorrer da sua vigência, entre 5 de Outubro de 2010 e 14
de Setembro de 2013, merecem especial destaque as acções seguintes:
-
Publicação e/ou organização de duas antologias
de autores transmontanos, sob o título “TERRA DE DUAS LÌNGUAS”;
-
Participação como patrocinadora da Obra Completa
do Padre António Vieira, formada por 30 volumes e milhares de exemplares
distribuídos pelo mundo luso falante;
-
Lançamento de alguns volumes da Bibliografia do
Distrito de Bragança, da antologia de homenagem a Pires Cabral nos seus 70
anos, da celebração dos cem anos de Raul Rego (em parceria com o Grémio
Literário Vilarealense);
-
Início e prosseguimento das entrevistas mensais
na Rádio Brigantia;
-
Sessões individualizadas de apreço a Bento da
Cruz e a Barroso da Fonte (este nos seus 60 anos de vida jornalístico-literária);
-
Exposição biblio-iconográfica da Embaixada da
Hungria;
-
Pedido de realização de nove documentários em
vídeo sobre nove escritores transmontanos associados, solicitados a Leonel de
Brito, trabalho que foi concretizado no decorrer do segundo mandato;
- Organização
do catálogo de livros da Biblioteca;
- Organização e participação em três feiras do
livro realizadas em Bragança.
Triénio 2013-2016
Buscando a partilha de esforços de forma mais equitativa
entre geografias, os novos corpos sociais reforçaram ligeiramente a presença de
Vila Real. Amadeu Ferreira, na qualidade de Presidente da Direção, pugnou pela
realização de reuniões descentralizadas e um melhor conhecimento «do que uns e
outros fazemos». É esse o caminho que os atuais corpos gerentes vão prosseguir
e aprofundar.
Por má fortuna, Amadeu Ferreira não pode pôr em prática
muitos dos seus propósitos relativos à recuperação dos valores identificadores
da nossa cultura, à reassunção da memória e à autoestima, como condição prévia
para sustentar uma participação condigna no palco das comunidades que
constituem a diversidade das entidades nacional, lusófona, europeia e global do
presente e do mundo novo que bate à porta.
Nestes aspectos há um longo caminho a percorrer, a começar
pelo interior de cada um de nós, com vista a uma tomada de consciência entre o
que fomos e o que somos, ameaças e oportunidades enquanto povo e sua matriz
cultural. Não há lugar nem tempo para adiar opções que se revelam cada vez mais
de difícil concretização, num contexto de acelerada mudança do tecido social.
Devido à enfermidade prolongada que atingiu cruelmente o
nosso ilustre e devotado Presidente e amigo, umbilicalmente ligado à cultura
transmontana e ao ressurgimento da língua Mirandesa, o mandato perdeu a estabilidade
e a tranquilidade necessárias à prossecução dos objectivos fixados. Obrigou mesmo
a uma cooptação forçada e à realização de novas eleições que tiveram lugar
no pretérito dia 6 de Junho. Os atuais Corpos Gerentes eleitos ficaram assim formados:
Assembleia Geral
António Manuel
Monteiro
Maria da Assunção
Anes Morais
João Cabrita
Direção
António Chaves
José Mário Leite
Maria Idalina Alves
de Brito
Carlos do Nascimento
ferreira
António Pimenta de
Castro
Conselho Fiscal
João Barroso da Fonte
José Fernando Rua de
Castro
Cláudio Amílcar
Carneiro
Com as seguintes linhas gerais de orientação:
Na sua constituição houve como primeira preocupação
estabelecer pontes de contato com outras agremiações transmontanas da mesma
natureza, de modo a reforçar o impacto das ações e melhor coordenar os
calendários das iniciativas concernentes a cada associação. Reconhecemos as
fragilidades com que lidamos para não nos darmos ao luxo de espartilhar
esforços com iniciativas frequentemente sobrepostas. Assim, António Manuel
Monteiro, Presidente da Assembleia Geral, é simultaneamente Grão-Mestre da
Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro; Carlos
Ferreira, membro da Direção da ALTM, é o Presidente da Associação da Lengua e Cultura
Mirandesa; João Barroso da Fonte, Presidente do Conselho Fiscal, é além de
autor e jornalista dedicado às causas transmontanas, Diretor do jornal POETAS E
TROVADORES onde irão ter amplo acolhimento e divulgação as iniciativas da
Academia, dirigidas a um auditório específico e singular; José Fernando Rua de
Castro é Presidente, fundador e timoneiro do Forum Galaico Transmontano, com
enraizada implantação na Galiza e em Trás-os-Montes.
*
Uma breve análise das ameaças e oportunidades
Precisamos de dar mais atenção à relevância deste fenómeno e
de criar repostas adequadas a partir de uma mobilização colectiva
multigeracional, propiciando um debate de ideias de como revigorar os traços de
identidade que nos permitem continuar como comunidade, por direito próprio, na
nova arquitectura territorial das regiões da Comunidade Europeia e do mundo da
lusofonia. A fragilidade económica e social acentua a perda de valores e a
diminuição da confiança básica no seio das comunidades locais: «Uma cultura é o
conjunto partilhado de valores, crenças, atitudes, pressupostos,
interpretações, hábitos, costumes, práticas, conhecimentos e comportamentos de
uma comunidade que relembra um icebergue: Valores, crenças e interpretações são
invisíveis, situadas abaixo da linha de água, enquanto os costumes, práticas e
comportamentos são atributos visíveis, acima da tona de água». Os valores
nucleares fundeiam no oceano invisível. As culturas fortes têm muitas
vantagens, mas uma cultura forte também pode adoecer. A partir de meados do
século XX, Trás-os-Montes converteu-se gradualmente numa região repulsiva,
marcada por uma perda sistemática de população.
«Uma comunidade que não identifica os pontos nevrálgicos dos
seus dramas, porque teme as conclusões, não conseguirá sair do retrocesso
histórico e está a adiar e a agigantar conflitos inevitáveis».
Chegar junto das gerações mais novas, fornecer-lhes algo
mais que a simples transmissão de conhecimentos é uma tarefa primordial e
inadiável, no nosso entender, para garantir a preservação das identidades.
*
São “ideias chave” do presente mandato:
-Dar prioridade à entrada de novos membros, de acordo com as
normas constantes dos Estatutos. Estabelecemos, para os próximos três anos, o objetivo
inscrever 50 novos associados;
-Realização de conferências, seminários e Workshops para
despertar novas vocações para a escrita, divulgando métodos pedagógicos
direccionados a escolas e professores do ensino de português e cidadãos
interessados em suplantar as barreiras naturais que nos afastam do nosso ser
criativo.
- Descentralizar gradualmente as iniciativas e proporcionar
um melhor conhecimento mútuo entre os membros da Academia, «do que uns e outros
fazemos», dando assim continuidade ao pensamento de Amadeu Ferreira. Desejamos
incentivar a formação de grupos de trabalho de base local e regional e privilegiar
a comunicação em rede, na vez de uma estrutura hierarquizada, onde «uns mandam
e os outros obedecem».
-Vai ser retomado o programa do registo em vídeo dos
testemunhos de vida e perfil literário e humano de um novo grupo de escritores,
estudando, ao mesmo tempo, novas formas consensuais de partilha da informação.
A calendarização concreta destas iniciativas está dependente,
em boa medida, da constituição de novos recursos, uma vez que os valores
actuais em depósitos estão praticamente comprometidos, a curto prazo, face a
responsabilidades anteriormente assumidas.
Pelas mesmas razões, esperamos a colaboração efetiva de
todos, quanto ao pagamento atempado das respetivas quotas, porquanto, como é
sabido, só é possível gerir meios e, sem eles, a concretização dos objectivos
fica comprometida. Acreditamos no contributo consciente e fraterno de todos.
Esperamos também ter condições para, em breve, podermos calendarizar as ações
operacionais concretas.
Entretanto vamos organizar os registos e formas de
comunicação que facilitem um melhor conhecimento «uns dos outros» e prometemos
voltar, em breve ao contacto.
Saudações fraternas,
António Chaves
Presidente da Direção
2015/06/22
Anexos:
Sócios outorgantes da
escritura de constituição: Adriano Moreira, Amadeu Ferreira, António
Afonso, Regina Gouveia, Barroso da Fonte, Manuel Cardoso, César Afonso, Ernesto
Rodrigues, Alfredo Cameirão, Pires Cabral, Virgílio do Vale. Rogério Rodrigues.
António Mourinho, José Castro Branco, José Baptista e Sá, Isaac Barreira,
Modesto Navarro e Cláudio Carneiro.
Sócios honorários:
Adriano Moreira, António Baptista Lopes, Bento da Cruz, Eduarda Chiotte,
Hirondino Paixão Fernandes, Jorge Nunes, José Rentes de Carvalho Leonel de
Brito, Luísa Dacosta, Nuno Canavez e Teresa Martins Marques.
Endereço Postal
Academia de Letras de Trás-os-Montes
Centro Cultural Municipal Adriano Moreira
Praça Camões
5300-104 Bragança – Tel. 273 300 850
(atende por norma José Pedro dos Santos, funcionário
destacado)
Elementos
identificadores da Academia:
Número de Identificação de Pessoa coletiva: 509 669 131
Entidade Bancária: Caixa Geral de Depósitos
Nº de Conta: 0417023749430
NIB: 0035 0417 0002 3749 4303 5
IBAN: PT5000 35041 7000 2374 9430 35
CGDIPTPL
Endereços eletrónicos:
Blogue da Academia: www.Altm-academiadeletrasdetrasosmontes.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário