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22 abril 2019
17 abril 2019
15 abril 2019
MOGADOURO
Apresentação da coletânea GENTES E LUGARES.
Decorreu no passado dia 30 de março, em
Mogadouro, na Biblioteca Municipal Trindade Coelho, a apresentação da obra Gentes
e Lugares – Contos e Contas de Autores Transmontanos, editada pela Academia
de Letras de Trás-os-Montes. Este evento foi resultado uma feliz parceria com o
município de Mogadouro, a quem agradecemos publicamente, que disponibilizou
todos os meios necessários para o sucesso da iniciativa, integrada no programa
“Amendoeiras em Flor”.
A sessão de apresentação foi presidida
pela Sr.ª Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Mogadouro, Virgínia Gomes
Vieira, seguindo-se uma breve referência à atividade da Academia pela
Presidente da Academia, Assunção Anes Morais e a apresentação da obra por
António Bárbolo Alves, participante nessa Coletânea de contos e membro dessa
Academia. A sessão teve, também, a presença de Abílio Topa, músico que, para
além da sua intervenção sobre a música tradicional, brindou os presentes com
algumas canções desse reportório popular.
Referindo-se a esta obra, António
Bárbolo Alves, servindo-se do subtítulo, “contas e contos”, fez uma
breve apresentação estatística, mostrando a extensão da coletânea e também
algumas palavras ou formas que indiciam quer alguns dos temas presentes, nestes
contos, quer a centralidade de alguns deles, na maioria das narrativas.
Seguiu-se, a partir do título, uma
reflexão sobre os “lugares e espaços míticos” que, na opinião do apresentador,
povoam o imaginário das personagens, mas também de muitos narradores. António
Bárbolo afirmou: «“Gentes e
lugares” fala-nos desses espaços que, sendo reais, adquirem, pela magia da
transformação literária, a categoria de mitos. Por isso, não falamos aqui de
Miranda nem Mogadouro, topónimos e lugares geográficos, falamos de um espaço
que, tal como para o Amílcar, herói do conto “A Feira dos Gorazes”, exerce o
fascínio apenas acessível e reservado a quem sacrifica às musas de Homero, pai
da literatura ocidental, e não às de Heródoto, criador da História e da
Geografia.”»
Por fim, falando do seu conto,
“Cantigas de la segada”, escrito em mirandês, referiu que o mesmo teve como
objetivo fazer uma dupla homenagem: aos trabalhadores, gentes e heróis
incógnitos que, no seu anonimato, ajudaram a construir a história visível, ainda
que o seu nome não apareça nem nos livros nem nos jornais, e também um tributo
a essas personagens, muitas vezes aleijados – e sobretudo cegos – que, de feira
em feira, de romaria em romaria, de aldeia em aldeia, ou mesmo de porta,
levavam, com a sua voz, nos chamados folhetos de cordel, os seus romances e as
“notícias” do mundo.
Nesta matéria, referiu-se
concretamente a algumas destas personagens, nomeadamente a Baltazar Dias, o
cego da ilha da Madeira, e também ao “manquinho da Açoreira”, de Torre de
Moncorvo, como duas das vozes, cuja muito tempo ouvidas e cuja lembrança se
conservou, até aos nossos dias, nas gentes desta região.
Uma vez que o referido conto
termina com um rimance à moda dos cegos, musicado por Abílio Topa, foi a vez de
este músico cantar essa melodia, e também algumas outras, como “O Canedo”
ou as “Calles de San Francisco”, mostrando como esta região beneficiou,
secularmente, da sua situação fronteiriça, e também dessas vozes que, ao longo
do tempo, enriqueceram a cultura da Terra de Miranda.
Após o momento musical, a sessão
terminou com um coffee break, promovendo um agradável momento de convívio entre
os presentes.
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