05 dezembro 2017





MARIA e SÃO JOSÉ

Álgida cai a noite. Por Belém  
Maria e São José, de rua em rua,
Porque a hora do parto se acentua,
Buscam prestes o sítio que convém.

Embora as diligências, pois ninguém,
Para o efeito, em casa alheia ou sua,
Os ousa recolher... e continua
A procura incessante, aqui e além.

Mas eis que enfim, exaustos de cansaço 
E como por milagre, se depara
A porta aberta de um curral de gado.

A tosca manjedoura, único espaço
Livre que lá se encontra, se prepara
Para receber Deus, por Deus mandado.



Cláudio Carneiro,
In "O Despertar da Alma Portuguesa - in sonetos”, Chiado Editora, 2017

1 comentário:

Odete Ferreira disse...

Belo soneto de um saga (re)contada e sempre renovada.
Parabéns, Cláudio Caneiro.